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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Outubro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Alvo de desinformação, conflito entre Israel e Hamas tem origens em disputa centenária

Por Amanda Ribeiro, Gisele Lobato e Luiz Fernando Menezes

23 de outubro de 2023, 15h44

Este conteúdo deixou de ser atualizado em 8 de dezembro de 2023.


O atual conflito entre Israel e Hamas, iniciado em 7 de outubro após ataques terroristas do grupo islâmico em território israelense, já é o mais mortal da história de Gaza e o que mais vitimou israelenses nos últimos 50 anos. As raízes da disputa remontam à Primeira Guerra Mundial (1914–1918).

O conflito tem sido o principal assunto nas redes; junto de imagens gráficas da violência, circula também conteúdo desinformativo que busca causar pânico moral e fomentar a polarização. Boa parte dos posts enganosos e mentirosos desconsidera o cenário político ou omite pontos do conflito.

A fim de explicar o histórico entre Israel e Palestina, Aos Fatos organizou o guia a seguir:

  1. Quais são os desdobramentos mais recentes?
  2. Como começou o conflito atual?
  3. Por que o Hamas atacou Israel?
  4. De que lado está o Brasil?
  5. Que tipo de desinformação sobre o conflito tem circulado?

1. QUAIS SÃO OS DESDOBRAMENTOS MAIS RECENTES?

  • O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) se reuniu mais uma vez no dia 8 de dezembro para debater o conflito entre Hamas e Israel. Durante sua fala, o secretário-geral António Guterres pediu um cessar-fogo para evitar o “colapso total” de Gaza e invocou o artigo 99 da Carta das Nações Unidas pela primeira vez desde que assumiu o cargo. O recurso diplomático é usado para chamar a atenção para assuntos que podem ameaçar a paz mundial.
  • A Autoridade Palestina também afirmou no dia 8 que forças israelenses mataram seis pessoas a tiros em um campo de refugiados da Cisjordânia. A região não é comandada pelo Hamas e não está envolvida no conflito. Essa não é a primeira vez que o Exército de Israel ataca campos de refugiados;
  • A UNRWA, agência da ONU que presta assistência à população palestina, afirmou que mal tem conseguido operar na Faixa de Gaza devido aos “constantes bombardeios e o baixo e inconstante fluxo de alimentos e suprimentos humanitários”;
  • O Exército libanês afirmou que as forças israelenses atacaram um hospital localizado no sul do país. O Hezbollah, grupo xiita que atua na região e é aliado do Hamas, tem investido contra Israel desde o início do confronto;
  • As Forças de Defesa de Israel interceptaram no dia 6 um míssil no mar Vermelho. A suspeita é que o ataque tenha sido lançado por rebeldes Houthi, do Iêmen, que também sequestraram em 19 de novembro um navio cargueiro ligado ao país;
  • Mediador do cessar-fogo ocorrido durante o confronto, o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, afirmou no dia 5 que Israel tem cometido “um crime hediondo” na Faixa de Gaza e pediu que o Conselho de Segurança da ONU faça o país voltar a discutir uma trégua. Israel chamou seus negociadores de volta e não há previsão de novo cessar-fogo;
  • A Justiça Federal determinou no dia 5 a soltura de dois brasileiros presos por suspeita de envolvimento com o grupo xiita libanês Hezbollah. Investigação da Polícia Federal apontou que os dois não ofereciam risco à sociedade. Presos no dia 8 de novembro, os homens teriam sido supostamente recrutados para planejar atentados terroristas no Brasil;
  • As Forças de Defesa de Israel têm concentrado seus ataques na região sul da Faixa de Gaza, para onde se deslocou a maior parte da população palestina. De acordo com o exército israelense, militares teriam repassado um comunicado aos cidadãos pedindo que desocupem áreas dentro e no entorno de Khan Younis, segunda maior cidade da Faixa de Gaza.
  • Em publicação no X (ex-Twitter) no dia 4, o diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Ghebreyesus, afirmou que as Forças de Defesa de Israel teriam ordenado que fossem evacuados os galpões em que a organização estoca medicamentos no sul de Gaza. Israel negou ter dado ordem similar. Ainda assim, Ghebreyesus anunciou no dia seguinte que os suprimentos haviam sido retirados do local;
  • Também no dia 4, a internet e o sistema de telecomunicações da Faixa de Gaza deixaram de funcionar. Situação similar ocorreu em 27 de outubro;
  • Três pessoas morreram e seis ficaram feridas em um ataque a tiros ocorrido em Jerusalém no dia 30 de novembro. O Hamas reivindicou a autoria do atentado, que ocorreu durante a trégua acordada com Israel;
  • De acordo com a ONU, 1,7 milhão de pessoas — cerca de dois terços da população da Faixa de Gaza — foram obrigadas a abandonar suas casas desde 7 de outubro;
  • No dia 2, o Ministério da Defesa da Síria afirmou que Israel bombardeou um território próximo de Damasco, capital do país. Não houve anúncio de mortes. O país também atacou o país no dia 10 de novembro, depois de interceptar mísseis lançados em direção a seu território;
  • O presidente da ANP — autoridade palestina que governa a região da Cisjordânia —, Mahmoud Abbas, pediu que autoridades internacionais se reúnam para discutir uma solução para o conflito no Oriente Médio;
  • No dia 28 de novembro, militares israelenses foram atingidos por bombas e tiros no norte da Faixa de Gaza em meio ao acordo de cessar-fogo. Do outro lado, um porta-voz do Hamas afirmou que houve um confronto com militares israelenses por conta de uma violação da trégua por parte do inimigo;
  • O diretor do hospital Al-Shifa foi detido no dia 23 de novembro pelas forças israelenses, acusado de auxiliar o Hamas a manter uma base militar dentro da instituição. O Al-Shifa foi invadido no dia 14 sob a alegação de funcionar como reduto do grupo extremista. No dia 18, centenas de pessoas foram obrigadas a deixar a unidade de saúde;
  • O presidente de Israel, Isaac Herzog, afirmou em entrevista ao Financial Times que o país deve manter forças em Gaza para evitar a volta do Hamas após o fim do conflito. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deu declaração similar no dia 6 de novembro, enquanto o ministro da Defesa do país, Yoav Gallant, negou que Israel deve governar a região;
  • No dia 8 de novembro, o G7 divulgou posicionamento em que pede que todas as partes envolvidas no conflito garantam acesso a “apoio humanitário irrestrito aos civis”. Não há menção a cessar-fogo;

2. COMO COMEÇOU O CONFLITO ATUAL?

No dia 7 de outubro de 2023, o grupo extremista islâmico Hamas bombardeou diversas cidades israelenses em uma ofensiva tratada como uma operação de retomada de território. Além de disparar cerca de 2.200 mísseis — número citado por autoridades israelenses —, o grupo invadiu as fronteiras do país, assassinou civis e levou reféns.

Em resposta aos ataques, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou que o país estava em guerra e ordenou o bombardeio da Faixa de Gaza. Segundo a ONU, apenas durante a primeira semana de conflito, metade da população de Gaza — quase 1 milhão de pessoas, o equivalente à população de Maceió — foi obrigada a se deslocar.

Imagem de satélite mostra incêndios na Faixa de Gaza após ataques no dia 7 de outubro
Ataques. Imagens de satélite mostram fogo após ataques no dia 7 de outubro (Pierre Markuse/Wikimedia Commons)

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3. POR QUE O HAMAS ATACOU ISRAEL?

O confronto atual remete a uma disputa de território que já perdura há décadas:

  • Localizada entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, a Palestina é considerada sagrada pelo cristianismo, pelo judaísmo e pelo islamismo. Até a Primeira Guerra Mundial (1914–1918), o território estava sob domínio do Império Otomano, mas depois foi repassado ao Reino Unido;
  • Durante a Primeira Guerra, os britânicos prometeram aos árabes a criação de um Estado independente e aos judeus a criação de uma nação na Palestina. Isso levou a uma disputa interna entre as duas comunidades durante o controle britânico da região;
  • O movimento sionista ganhou força após a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), principalmente em razão do Holocausto;
  • Dois anos após o final da guerra, a ONU propôs, por meio da resolução 181, a criação de dois Estados — um árabe e um judeu — na região, sendo que Jerusalém seria um território separado governado por um regime internacional. A proposta foi aprovada por 33 votos favoráveis, contra 13 contrários e 10 abstenções. Os árabes, no entanto, foram contra a divisão, e o plano nunca foi implementado na prática;

Mapa mostra divisão territoral na Palestina proposto pela ONU

  • Desde então, a região foi palco de diversos conflitos, como a Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel ocupou a Faixa de Gaza e anexou territórios do Egito e da Síria, e a Guerra do Yom Kippur, em 1973. Também houve diversas tentativas frustradas de acordos entre palestinos e israelenses;
  • Em 1994, o Acordo de Oslo — firmado entre Israel e a entidade multipartidária OLP (Organização para a Libertação da Palestina) — cria a ANP (Autoridade Nacional Palestina), para representar um governo de transição até que fosse estabelecido o Estado Palestino. O acordo também previa que Israel iria retirar suas tropas da Cisjordânia e de Gaza, mas isso não ocorreu;
  • A organização islâmica Hamas, criada em 1987, durante o levante palestino contra a ocupação de Israel na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, no entanto, se opôs ao Acordo de Oslo e, desde então, tem realizado ataques contra Israel. Sua principal bandeira é a criação de um Estado islâmico no território e a extinção do Estado de Israel;
  • Desentendimentos entre o Fatah, partido que lidera a ANP, e o Hamas fizeram com que o território palestino se dividisse em duas regiões a partir de 2007 (veja abaixo): a Cisjordânia, governada pela ANP, e a Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas;
  • No último dia 15, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, condenou as ações do Hamas e afirmou que o grupo não representa a Palestina;
  • É importante ressaltar que Israel foi responsável por ataques violentos contra a população palestina nas últimas décadas.

Mapa mostra território atual da Palestina e de Israel

4. DE QUE LADO ESTÁ O BRASIL?

No mesmo dia em que ocorreram os primeiros bombardeios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Itamaraty condenaram os ataques do Hamas e disseram que as autoridades deveriam evitar a escalada do confronto.

O posicionamento não foi bem recebido pelas autoridades israelenses. O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, por exemplo, disse que o governo deveria ter sido mais duro e responsabilizado o grupo extremista. O presidente da Conib (Confederação Israelita no Brasil) também criticou o fato de o Executivo não considerar o Hamas um grupo terrorista.

Segundo o próprio governo, o Hamas não é classificado internamente como organização terrorista porque o Brasil segue as avaliações do Conselho de Segurança da ONU. Vale ressaltar, no entanto, que Lula chamou de “terroristas” os ataques ocorridos no dia 7 de outubro.

Lula é, historicamente, um defensor da causa palestina — foi em seu governo, por exemplo, que o Brasil reconheceu oficialmente o Estado Palestino e instalou uma Embaixada na Cisjordânia. Apesar de integrantes do Hamas já terem demonstrado simpatia pelo presidente brasileiro em outros momentos, não há qualquer relação entre Lula e o grupo extremista.

Durante o conflito atual, Lula tem se posicionado em defesa do cessar-fogo e de estratégias que garantam a segurança de civis:

  • O segundo avião enviado pelo governo brasileiro para repatriar cidadãos aguarda pela liberação de 102 brasileiros e seus familiares palestinos na fronteira com a Faixa de Gaza. A lista ainda está sob análise de autoridades de Israel e do Egito e não há perspectiva sobre o momento em que os cidadãos serão autorizados a cruzar a fronteira;
  • Em agenda na Arábia Saudita durante a COP-28, Lula afirmou que pode negociar com o presidente israelense, Isaac Herzog, a retirada de mais brasileiros no Oriente Médio, caso o encontre durante o evento;
  • O presidente também declarou no dia 30 ter se reunido com o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al-Thani, para discutir a libertação de Michel Nisembaum, brasileiro que é mantido refém pelo Hamas. O embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, se reuniu também no dia 30 com a irmã Nisembaum;
  • O governo brasileiro trabalha em uma nova lista de repatriados da Faixa de Gaza. Até o momento, segundo a imprensa, devem ser trazidas 86 pessoas. A operação depende de negociação com autoridades locais e não há qualquer previsão de chegada do grupo;
  • Durante reunião de líderes do G20 no dia 22, o presidente Lula celebrou a trégua entre Israel e Hamas: “Espero que esse acordo possa pavimentar o caminho para uma saída política e duradoura para este conflito e para a retomada do processo de paz entre Israel e Palestina“;
  • Em telefonema no dia 16 com o presidente de Israel, Isaac Herzog, Lula defendeu uma solução para o conflito que envolvesse os Estados israelense e palestino. Herzog pediu que o presidente brasileiro reforçasse o apelo para a libertação dos reféns em poder do Hamas;
  • Em discurso durante a recepção aos repatriados de Gaza, Lula afirmou que Israel também tem cometido atos terroristas. “Porque se o Hamas cometeu um ato de terrorismo e fez o que fez, o Estado de Israel também está cometendo vários atos de terrorismo ao não levar em conta que as crianças, ao não levar em conta que as mulheres não estão em guerra, ao não levar em conta que eles não estão matando soldados". A fala foi repudiada pela Conib (Confederação Israelita do Brasil);
  • Em entrevista à imprensa no dia 12 para detalhar o repatriamento dos 32 brasileiros que voltam de Gaza, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o presidente deve voltar a defender nesta semana no Conselho de Segurança da ONU uma pausa humanitária no conflito no Oriente Médio;
  • No dia 18 de outubro, o conselho vetou, com voto contrário dos EUA, uma resolução brasileira que pedia o cessar dos ataques para permitir o acesso de ajuda humanitária e a fuga de civis;
  • No dia 27 de outubro, Lula voltou a comentar o conflito durante café da manhã com jornalistas, declarando que nem todo palestino é militante do Hamas e que mulheres e crianças “são as grandes vítimas desta guerra”. Também acusou Netanyahu de querer “acabar com a Faixa de Gaza”;
  • No dia 14 de outubro, em conversa com o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, Lula ressaltou mais uma vez a importância da criação de um corredor humanitário e da libertação dos reféns;
  • No dia 12 de outubro, o petista conversou com Isaac Herzog, presidente de Israel, e disse ter “condenado os ataques terroristas” e feito um “apelo por um corredor humanitário para que as pessoas que queiram sair da Faixa de Gaza pelo Egito tenham segurança”. Lula disse ainda ter se colocado à disposição para ajudar nas negociações de paz;
  • No dia 11 de outubro, Lula publicou um apelo para que o Hamas libertasse as crianças israelenses feitas de reféns e que Israel cessasse os bombardeios para permitir a fuga de jovens e mulheres palestinos;
  • Em seu primeiro posicionamento após os ataques, o presidente conclamou a comunidade internacional a trabalhar pela solução do conflito para garantir “a existência de um Estado Palestino economicamente viável, convivendo pacificamente com Israel dentro de fronteiras seguras para ambos os lados”.

O presidente Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva aparecem ao lado de crianças e adultos vindos da Faixa de Gaza. Ao fundo, aeronave da Força Aérea Brasileira responsável por trazer grupo ao Brasil
Repatriados. O presidente Lula e a primeira-dama Rosângela da Silva em recepção aos brasileiros e palestinos vindos da Faixa de Gaza (Ricardo Stuckert/PR)

5. QUE TIPO DE DESINFORMAÇÃO SOBRE O CONFLITO TEM CIRCULADO?

Desde o início dos conflitos, as redes foram tomadas por conteúdos de desinformação. No Brasil, peças de desinformação têm usado a disputa no Oriente Médio inclusive para reforçar a polarização política: diversas publicações enganosas desmentidas por Aos Fatos tentam relacionar o presidente Lula ou partidos de esquerda ao Hamas, sugerindo, por exemplo, que o governo teria feito doações ou acordos com o grupo extremista.

Outras estratégias desinformativas que têm viralizado são as que usam imagens descontextualizadas para gerar engajamento. Esse é o caso de posts que compartilham registros de crianças e bebês vítimas de violência armada e de publicações que se apropriam de gravações antigas de outros conflitos e até cenas de videogame.

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Veja abaixo o que o Aos Fatos desmentiu sobre o assunto até o momento:

Referências

1. G1 (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14 e 15)
2. Ansa Brasil
3. Aos Fatos (1, 2, 3, 4, 5 e 6)
4. UOL (1, 2, 3, 4, 5 e 6)
5. O Globo (1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7)
6. RFI
7. Agência Brasil (1, 2, 3, 4 e 5)
8. O Estado de São Paulo (1 e 2)
9. ONU News
10. CNN Brasil (1, 2, 3, 4, 5 e 6)
11. BBC (1, 2, 3, 4 e 5)
12. X (@ForensicArchi)
13. Estado de Minas
14. Folha de S.Paulo (1, 2, 3 e 4)
15. Al Jazeera
16. Britannica (1 e 2)
17. História do Mundo
18. X (@LulaOficial 1, 2, 3 e 4)
19. Governo federal (1 e 2)
20. Conib
21. The Washington Post
22. Reuters
23. Veja

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