🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Senado da Pensilvânia não confirmou fraude na eleição presidencial dos EUA

Por Bernardo Barbosa

1 de dezembro de 2020, 14h57

É falso que o Senado da Pensilvânia tenha confirmado a existência de fraude na eleição presidencial dos EUA, como afirma um vídeo gravado em português que teve milhares de visualizações no YouTube e no Facebook (veja aqui). Na verdade, senadores estaduais apresentaram um projeto para suspender o resultado do pleito no estado, onde o democrata Joe Biden venceu, e deixar a decisão nas mãos do Legislativo, mas o texto ainda precisa ser votado.

O vídeo foi publicado no domingo (29). Até o começo da noite de segunda-feira (30), a peça de desinformação tinha 170 mil visualizações no YouTube, de onde foi removida pelo autor da postagem. No Facebook, o vídeo continuava no ar e tinha mais de 60 mil visualizações e 10 mil compartilhamentos até a tarde de terça-feira (1º). O post foi marcado como FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


FALSO

Vitória de Trump!! Pensilvânia confirma a fraude eleitoral. Senadores da Pensilvânia acabam de declarar que houve sim fraude eleitoral no estado e determinaram que essa eleição foi corrompida.

Não é verdade que o Senado do estado americano da Pensilvânia tenha declarado que houve fraude nas eleições presidenciais de 2020, como diz um vídeo em português que está sendo compartilhado no Facebook e no YouTube desde domingo (29). O vídeo trata um projeto de resolução como se fosse uma medida já aprovada pela Casa legislativa. No entanto, o texto nem sequer foi analisado.

A peça de desinformação cita um projeto de resolução apresentado por quatro dos 53 senadores da Pensilvânia que busca determinar a suspensão da certificação, pelo Poder Executivo local, dos resultados da eleição de 2020. O texto cita supostas irregularidades cometidas pelos Poderes Executivo e Judiciário locais relativas ao processo eleitoral e quer que o Legislativo decida o resultado. Os autores do texto são todos do partido Republicano, o mesmo do presidente americano, Donald Trump, que foi derrotado no estado pelo democrata Joe Biden.

O texto foi protocolado na sexta-feira (27), três dias depois de o governo da Pensilvânia certificar a vitória de Biden no estado. Na segunda-feira (30), foi cadastrado formalmente como o projeto de resolução 410. No site do Senado da Pensilvânia, é possível ver que a única tramitação do texto até esta terça-feira foi seu encaminhamento para o governo estadual, e que não havia até ali nenhuma votação sobre o projeto. O site oficial de um dos senadores que assina o texto deixa claro que ele “propôs uma medida legislativa”.

Supostas fraudes eleitorais na Pensilvânia também foram assunto de outra checagem publicada na segunda-feira pelo Aos Fatos.

Trump e aliados têm sofrido derrotas (aqui e aqui) ao questionarem na Justiça os resultados das eleições na Pensilvânia. O presidente americano continua alegando, sem apresentar provas, a existência de fraudes eleitorais. Até o começo do mês, Trump tinha feito pelo menos 202 alegações falsas ou distorcidas sobre supostas fraudes eleitorais, segundo levantamento do Aos Fatos a partir de checagens do jornal Washington Post.

A eleição americana ocorreu em 3 de novembro. Ao longo do mês, o Aos Fatos checou diversas peças de desinformação sobre a disputa nos EUA que circularam em português. O Radar Aos Fatos mostrou que, entre os dias 1º e 8, um terço dos 100 tweets mais populares de perfis bolsonaristas sobre a eleição nos EUA tinha desinformação. Já entre os dias 27 de outubro e 4 de novembro, teorias da conspiração e peças de desinformação contra Biden foram compartilhadas ao menos 327 vezes em grupos de WhatsApp brasileiros.

O Estadão Verifica também publicou uma checagem sobre esta peça de desinformação.

Referências:

1. Senado da Pensilvânia (1, 2, 3, 4, 5)
2. AP
3. Site de Doug Mastriano
4. O Globo (1, 2)
5. Fox News
6. Aos Fatos (1, 2, 3, 4)
7. Washington Post
8. Estadão Verifica


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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