Joyce N. Boghosian/White House

🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Fraude eleitoral aparece em ao menos 202 declarações falsas ou distorcidas de Trump neste ano

Por Amanda Ribeiro e Ana Rita Cunha

4 de novembro de 2020, 18h02

Na madrugada desta quarta-feira (4), com a apuração de votos em andamento, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que venceu as eleições e acusou os adversários democratas de tentativa de fraude. Não foi a primeira vez que o republicano fez esse tipo de acusação sem provas. A narrativa tem sido alimentada há meses e já lhe rendeu ao menos 202 declarações falsas ou distorcidas neste ano, segundo o contador de declarações verificadas pelo Fact Checker, coluna de checagens do jornal The Washington Post.

O placar do veículo americano mostra que o discurso de Trump sobre supostas fraudes eleitorais se ancora na repetição de determinadas declarações. Entre elas, a mais checada pela equipe do Washington Post — dita em 74 ocasiões — é a de que as cédulas enviadas pelos correios podem ser facilmente fraudadas e que estados tradicionalmente democratas estariam enviando cédulas em excesso aos eleitores.

O sistema de votação a distância, no entanto, é regulamentado em todos os estados do país e há poucas denúncias de irregularidades. De acordo com Richard L. Hasen, pesquisador e professor de direito da Universidade da Califórnia, foram ajuizados 491 processos sobre eleições no país, de 2000 a 2012, “entre literalmente bilhões de cédulas registradas”.

Também para criticar o sistema de votação a distância, Trump citou 21 vezes as eleições para a Câmara Municipal de Paterson (Nova Jersey) realizadas em maio. Por conta da pandemia, a votação foi feita com votos enviados pelo correio. No pleito, 19% dos votos (3.190) foram desqualificados, parte deles por suspeita de fraude. Para o presidente americano, isso exemplificaria a irregularidade do método. Membros do comitê eleitoral local informaram à imprensa, entretanto, que a grande maioria das cédulas desqualificadas foi invalidada por outros motivos, como incompatibilidade de assinaturas ou recebimento após o prazo.

Outra alegação infundada repetida por Trump é a de que o sistema de votação à distância seria parte de uma conspiração do Partido Democrata para vencer as eleições. Em ao menos seis ocasiões, o presidente acusou os adversários de incentivarem votação pelo correio, adotada para evitar aglomerações e possíveis surtos de Covid-19.

Em determinados momentos — cinco, especificamente —, o presidente vinculou os democratas a outros países que supostamente fariam parte da trama para fraudar as eleições americanas, como a China e a Rússia. Trump alega que esses países poderiam imprimir cédulas de votação falsas para multiplicar os votos de Joe Biden. Nenhuma dessas alegações, no entanto, tem base factual, de acordo com o Washington Post.

Segundo o Fact Checker, em 1.316 dias de mandato, Trump deu 22.247 declarações falsas ou enganosas. Apenas neste ano, foram 6.411 afirmações com informações incorretas. Dessas, 464 foram sobre eleições. Além de declarações falsas sobre segurança no sistema eleitoral, o presidente repetiu informações falsas sobre as promessas, a biografia e o partido do adversário Joe Biden. O contador de checagens do jornal foi atualizado pela última vez em 27 de agosto deste ano.

Plataformas. De segunda-feira (2) até a tarde desta quarta, o Twitter também marcou cinco publicações de Trump sobre as eleições que foram consideradas como contestáveis e possivelmente desinformativas pela plataforma. O presidente chamou, por exemplo, de “trapaça desenfreada” uma decisão da Suprema Corte autorizando a contagem de votos enviados no dia da eleição, mas que chegassem até três dias depois do pleito. Nesta quarta-feira, ele manteve o tom acusatório e tuitou: "eles estão encontrando votos de Biden em todos os lugares – na Pensilvânia, Wisconsin e Michigan", "eles estão trabalhando duro para fazer desaparecer a vantagem de 500.000 votos na Pensilvânia".

Segundo apuração do Fact Checker, a demora na contagem de votos em estados como Pensilvânia e Wisconsin, em parte, está relacionada a restrições impostas por aliados de Trump. Nesses dois estados, as cédulas enviadas por correio não puderam ser contadas até o dia da eleição porque as legislaturas controladas pelo Partido Republicano se recusaram a autorizá-lo, embora muitos estados – como a Flórida, onde Trump ganhou – o permitissem. Apesar do presidente criticar a continuação da contagem dos votos, em nenhuma eleição americana, os votos foram calculados no mesmo dia do pleito.

Referências:

1. CNBC
2. Fact Checker (Fontes 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7)
3. Pew Research
4. Twitter (@realDonaldTrump 1, 2 e 3)

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.