🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que Pensilvânia tenha confirmado fraude nas eleições presidenciais dos EUA

Por Bernardo Barbosa

30 de novembro de 2020, 16h51

Não é verdade que o estado da Pensilvânia, nos EUA, tenha confirmado que houve fraude nas eleições presidenciais realizadas em novembro, como dizem posts nas redes sociais (veja aqui). No sábado (28), a mais alta corte do estado rejeitou por unanimidade um recurso movido por aliados do presidente americano, Donald Trump, para tentar barrar a vitória de Joe Biden.

A peça de desinformação tinha cerca de 500 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda-feira (30) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona). No Twitter, a alegação falsa teve mais de 3.300 retweets.


FALSO

O Estado da Pensilvânia oficialmente confirmou FRAUDE nas eleições

É falso que o estado americano da Pensilvânia tenha declarado que houve fraude eleitoral, como afirmam posts que circulam nas redes sociais pelo menos desde sábado (28). Naquele mesmo dia, a Suprema Corte da Pensilvânia rejeitou um recurso apresentado por aliados do presidente americano, Donald Trump, para tentar invalidar a vitória do democrata Joe Biden no estado. A decisão, que pode ser consultada aqui, foi noticiada por veículos de imprensa americanos, como ABC e NPR, e brasileiros, como o jornal O Globo.

A ação questionando o resultado do pleito foi aberta pelo deputado republicano Mike Kelly e aliados. Eles queriam anular mais de 2,5 milhões de votos enviados pelo correio, modalidade de votação permitida em quase todos os estados americanos, alegando que a expansão do voto por correspondência aprovada em 2019 pelo Poder Legislativo da Pensilvânia era ilegal.

O ano de 2020 foi o primeiro em que todos os eleitores da Pensilvânia puderam votar pelo correio, segundo reportagem do New York Times. De acordo com o site Politico, os eleitores democratas enviaram o triplo de votos pelo correio em comparação aos republicanos. Biden ganhou de Trump no estado por uma diferença de pouco mais de 80 mil votos em um total de 6,9 milhões.

Com o pedido de anulação dos 2,5 milhões de votos pelo correio, os republicanos chegaram a conseguir, em uma instância inferior, uma decisão judicial que suspendeu a certificação dos resultados da eleição na Pensilvânia.

O governo da Pensilvânia recorreu à Suprema Corte estadual, que reverteu a decisão e não só garantiu a certificação dos resultados, como impediu novos processos com base na argumentação contra a expansão do voto pelo correio, já que os autores do processo não teriam questionado a constitucionalidade da regra em tempo hábil ⏤ mais de um ano depois de a lei entrar em vigor.

“Quando esta ação foi ajuizada, no dia 21 de novembro de 2020, milhões de eleitores da Pensilvânia já haviam expressado sua vontade”, diz a decisão. “Apesar disso, os peticionários esperaram para começar este litígio dias antes de as comissões eleitorais dos condados terem que certificar os resultados.”

Trump e aliados têm tido repetidas derrotas ao questionarem os resultados das eleições em diferentes estados. O presidente americano continua alegando, sem apresentar provas, a existência de fraudes eleitorais. Até o começo do mês, Trump tinha feito pelo menos 202 alegações falsas ou distorcidas sobre supostas fraudes eleitorais, segundo levantamento do Aos Fatos a partir de checagens do jornal Washington Post.

A eleição americana ocorreu em 3 de novembro. Ao longo do mês, o Aos Fatos checou diversas peças de desinformação sobre a disputa nos EUA que circularam em português. O Radar Aos Fatos mostrou que, entre os dias 1º e 8, um terço dos 100 tweets mais populares de perfis bolsonaristas sobre a eleição nos EUA tinha desinformação. Já entre os dias 27 de outubro e 4 de novembro, teorias da conspiração e peças de desinformação contra Biden foram compartilhadas ao menos 327 vezes em grupos de WhatsApp brasileiros.

Referências:

1. Suprema Corte da Pensilvânia
2. ABC
3. NPR
4. O Globo (1, 2)
5. New York Times (1, 2)
6. Politico
7. AP
8. Fox News
9. Aos Fatos (1, 2, 3)
10. Washington Post


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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