É falso que estudo concluiu que ivermectina reduziu em 75% infecções por Covid-19

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Não é verdade que um estudo tenha comprovado que a ivermectina foi capaz de reduzir em 75% as infecções pelo novo coronavírus, conforme alegam postagens nas redes sociais (veja aqui). A pesquisa citada pelos posts é uma metanálise - revisão que compila resultados de outros estudos - que não chegou a esse percentual nem foi revisada por pares e que teve a publicação rejeitada pela revista científica de farmacologia Frontiers.

As postagens com a alegação enganosa reuniam ao menos 11.168 compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (2) e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma (saiba como funciona).


Novo estudo sugere que a ivermectina reduz as infecções por Covid em cerca de 75 por cento. Mais de 30 estudos em todo o mundo descobriram que a droga causou melhorias no tratamento. O estudo será publicado na revista americana Frontiers of Pharmacology.

Circulam nas redes sociais postagens que alegam que um estudo identificou que o antiparasitário ivermectina foi capaz de reduzir em 75% os casos de Covid-19 e isso não é verdade. A pesquisa existe e foi produzida pelo FLCCC (Front Line Covid-19 Critical Care Alliance), um grupo de médicos americanos pró-"tratamento precoce", mas não menciona o percentual trazido pelas postagens e têm problemas metodológicos que comprometem sua credibilidade e que levaram à rejeição por uma importante revista científica.

A metanálise compila resultados de quase 30 pesquisas em preprint - quando ainda não passaram por revisão por pares. De acordo com o site medRxiv, mantido pela Universidade de Yale e que agrega artigos científicos que aguardam revisão por pares, os trabalhos em preprint não devem ser considerados para orientar a prática clínica nem relatados na mídia como informações estabelecidas.

A própria metanálise do FLCCC também está nessa situação preliminar. O artigo havia sido pré-aprovado no dia 13 de janeiro para veiculação na revista de farmacologia suíça Frontiers, mas aguardava a versão final para publicação. Entretanto, nesta terça-feira (2) a revista publicou uma nota para anunciar a rejeição da metanálise.

Segundo a revista, o trabalho citava estudos sem relevância estatística ou uso de grupos de controle, o que inviabiliza o processo básico de pesquisa científica e contraria os princípios editoriais da publicação.

Mellanie Fontes-Dutra, biomédica e pesquisadora da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), afirmou ao Aos Fatos que ainda não há um estudo relevante que aponte para a eficácia da ivermectina para além do seu uso tradicional como vermífugo. “Portanto, a indicação é uso para investigação, para pesquisa, e não para tratamento em pacientes com Covid-19”, comenta.

As publicações em defesa do uso da ivermectina têm sido sido recorrentes durante a pandemia de Covid-19 e foram checadas por Aos Fatos (veja aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.

Referências

  1. Aos Fatos (1, 2, 3, 4, 5 e 6)
  2. medRxiv
  3. Frontiers (1 e 2)

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