🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Após limpa no YouTube, Leda Nagle migra vídeos sobre 'kit Covid' para site concorrente

Por Bruno Fávero

27 de maio de 2021, 12h43

Semanas depois de apagar dezenas de vídeos com desinformação sobre Covid-19 do YouTube, a jornalista Leda Nagle voltou a disponibilizar o mesmo conteúdo em outra rede social, o Vimeo. Ao menos 59 publicações removidas da plataforma do Google apareceram em um perfil criado no concorrente, quase todas entrevistas com médicos que defendem o uso de drogas ineficazes contra o coronavírus, como a ivermectina e a cloroquina.

Nagle promoveu neste mês uma limpa em seu canal do YouTube, que tem mais de um milhão de inscritos. Segundo dados compilados pelo estúdio de análise de dados Novelo Data, 168 de seus vídeos desapareceram da rede social em maio. O primeiro conteúdo a sair do ar foi uma entrevista com a médica defensora da ivermectina Lucy Kerr, removido no dia 3 pelo Google por violar as regras da plataforma. O restante foi retirado pela própria jornalista, a partir do dia seguinte.

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Ela anunciou o retorno dos vídeos no sábado (22) em um email encaminhado a usuários cadastrados em seu site e batizou a seção da página que abriga o material de "Sem Censura", nome do programa que apresentou por 21 anos até sua demissão da TV Brasil em 2016.

"Provavelmente você já deve ter ficado sabendo sobre os vídeos que tive que excluir da plataforma do YouTube. E muitas pessoas ficaram tristes por não poder assistir essas entrevistas ricas em conteúdos importantes para a nossa saúde! Mas eu tenho um presente pra você. [...] No nosso site, vocês terão acesso a todas as entrevistas que vocês não poderão ver mais no Canal Leda Nagle no YouTube. Agora você [vai] ter a liberdade de assistir a todas elas SEM CENSURA".


NOVA POLÍTICA

Como a mensagem sugere, a migração do conteúdo de Nagle aconteceu em meio a um endurecimento das políticas do YouTube para combate à desinformação sobre Covid-19 — a plataforma anunciou em abril que passaria a remover vídeos que recomendam o uso de ivermectina e cloroquina para tratar a doença. Em entrevista à Folha, a apresentadora afirmou que bloqueou o acesso aos conteúdos a pedido de um representante da empresa de tecnologia.

Recentemente, centenas de vídeos sobre a pandemia foram tirados do ar por iniciativa do YouTube ou dos donos dos canais. A rede social removeu, por exemplo, pelo menos 15 publicações do presidente Jair Bolsonaro. O jornalista Alexandre Garcia, que tem um canal popular entre bolsonaristas, removeu mais de 500 vídeos entre abril e maio, segundo dados da Novelo Data.

Em contato por email com a reportagem, a gerente de comunicação do YouTube, Malu Gonçalves, não comentou o caso específico de Leda Nagle, mas afirmou que as regras do site "se aplicam a todos os tipos de conteúdo e a todos os criadores''. “Quando nossos sistemas de revisão determinam que um vídeo viola nossas diretrizes da comunidade, removemos o conteúdo rapidamente e o criador é avisado por meio de uma notificação automática", disse.

Assim como o YouTube, o Vimeo afirma que remove conteúdos com desinformação sobre Covid-19 que tenham "sério potencial de causar danos ao público". Uma das hipóteses de remoção previstas é quando o vídeo "oferece testes, curas ou remédios dúbios e sem comprovação".

Questionada se o conteúdo publicado por Nagle se encaixava nesses critérios, a empresa afirmou por email que os vídeos citados pela reportagem estão sendo revisados. "Se nós concluirmos que esta conta hospeda conteúdo que viola nossos termos de uso, vamos tomar as medidas apropriadas, que incluem a remoção de conteúdo e, potencialmente, o fechamento da conta".

O Aos Fatos entrou em contato com Leda Nagle por email, mas não teve retorno até a publicação deste texto.

Referências:
1. Aos Fatos
2. Novelo Data (Twitter)
3. Canal Leda Nagle (YouTube)
4. O Globo
5. G1 1 e 2
6. Folha de S. Paulo
7. Vimeo

sobre o

Radar Aos Fatos faz o monitoramento do ecossistema de desinformação brasileiro e, aliado à ciência de dados e à metodologia de checagem do Aos Fatos, traz diagnósticos precisos sobre campanhas coordenadas e conteúdos enganosos nas redes.

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