🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Não é verdade que cloroquina, azitromicina, ivermectina, zinco e vitamina C curam Covid-19

Por Priscila Pacheco

29 de abril de 2021, 16h50

É falso que seja possível curar uma infecção por Covid-19 com uso de um coquetel formado por cloroquina, azitromicina, ivermectina, zinco e vitamina C, como alegam postagens nas redes sociais (veja aqui). Esses medicamentos e substâncias não tiveram eficácia comprovada contra a doença nos estudos mais robustos publicados até o momento.

A postagem reúne ao menos mil compartilhamentos nesta quinta-feira (29) e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação do Facebook (veja como funciona).


Governadores assassinos (em sua maioria). Relato gravíssimo!! Tem a ver com o medicamento (cloroquina e etc) e que é o medicamento que “cura” o coronavírus

Um relato que circula nas redes sociais atribuído ao pai de um paciente que teria sido curado da Covid-19 com uso de coquetel de remédios é enganoso pois as substâncias citadas, cloroquina, azitromicina, ivermectina, zinco e vitamina C, não têm eficácia comprovada para tratar a doença.

Cloroquina. Em fevereiro deste ano, uma metanálise (compilação de resultados de pesquisas), publicada pela Cochrane, entidade especializada em revisões sistemáticas de estudos, concluiu que a cloroquina e a hidroxicloroquina têm pouco ou nenhum efeito no risco de morte e pouco ou nenhum efeito na progressão para ventilação mecânica.

Outra revisão, publicada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em março também apontou pouca ou nenhuma eficácia das duas substâncias para impedir a hospitalização ou diminuir a mortalidade. O documento concluiu ainda que não há utilidade das drogas para a prevenção da doença. Na época, a entidade sinalizou que não daria mais prioridade a estudos sobre essas substâncias. Uma análise da revista científica Nature divulgada no dia 15 de abril também não encontrou resultados positivos.

Azitromicina. Em fevereiro, o Recovery Trial, maior ensaio clínico realizado no Reino Unido em busca de tratamentos para a doença, publicou na revista científica The Lancet uma pesquisa avaliada por pares que revelou ineficácia do medicamento para tratar a Covid-19. No entanto, por ser um antibiótico, a droga é indicada para pacientes com quadro de pneumonia bacteriana, o que trata um desdobramento da infecção causada pelo Sars-Cov-2, mas não representa a cura da doença. Já o seu uso combinado com hidroxicloroquina não tem eficácia comprovada.

Ivermectina. Um estudo realizado no primeiro semestre de 2020 pela Universidade de Monash, na Austrália, apontou que o vermífugo havia inibido a replicação do Sars-CoV-2, vírus que causa a Covid-19, em células controladas em laboratório. No entanto, ainda não há dados suficientes sobre a reação do medicamento no organismo. Ao menos 43 estudos em humanos estão em andamento em diferentes países.

Entidades de saúde como a OMS, a FDA (Food and Drug Administration, órgão americano semelhante à Anvisa), a Agência Europeia de Medicamentos e a Sociedade Brasileira de Infectologia não recomendam o uso do vermífugo para tratamentos que não sejam relacionados a parasitas como vermes e piolhos. A farmacêutica Merck, criadora da droga, também alerta que ainda não existem evidências para permitir a indicação do antiparasitário no combate à Covid-19.

Zinco e vitamina C. Suplementos como o mineral zinco e a vitamina C, citada na peça de desinformação pelo nome comercial Redoxon, também necessitam de mais pesquisas para comprovar seu potencial contra a Covid-19. Em fevereiro, um estudo liderado pela The Cleveland Clinic, nos EUA, e publicado na revista científica Jama (Journal of the American Medical Association) concluiu que o uso do zinco, tanto isolado como associado à vitamina C, não diminuiu a duração dos sintomas em pacientes que receberam atendimento ambulatorial. A OMS também ressalta que esses suplementos não devem ser consumidos com o objetivo de curar a doença.

Referências:

1. Cochrane
2. The BMJ
3. Revista Nature
4. Recovery Trial
5. The Lancet
6. OMS (Fontes 1, 2 e 3)
7. NIH (Fontes 1, 2 e 3)
8. Antiviral Research
9. Clinical Trials (Fontes 1 e 2)
10. FDA
11. Sociedade Brasileira de Infectologia
12. Revista Jama
13. Estadão
14. Folha de S. Paulo


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