🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Novembro de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Postagens distorcem informações sobre andamento de obra de condomínio do MTST

Por Luiz Fernando Menezes

22 de novembro de 2021, 16h04

Publicações nas redes distorcem e omitem informações ao alegar que o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) recebeu R$ 33 milhões no governo Dilma Rousseff (PT) para erguer um condomínio popular e que não realizou a obra (veja aqui). A quantia citada foi usada em 2015 na compra do terreno onde será construído o conjunto habitacional. O restante da verba, porém, não foi liberado desde então pelo governo federal, o que paralisou a execução do empreendimento.

A peça de desinformação circulou inicialmente nas redes sociais em 2018, durante as eleições presidenciais, mas voltou a viralizar nas últimas semanas. Até a tarde desta segunda-feira (22), as publicações acumulavam mais de 30 mil compartilhamentos.


Selo distorcido

Em 2014 Dilma liberou 33 milhões de reais por meio do Minha Casa Minha Vida para o MTST fazer a construção de 2.650 moradias no condomínio batizado Copa do Povo. A obra não foi feita.

É enganosa a alegação de que o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) recebeu R$ 33 milhões do governo Dilma Rousseff (PT) em 2014 para construir um conjunto habitacional com 2.650 imóveis, mas não executou a obra até hoje.

O projeto foi aprovado em 2015, mas, até agora, foi liberada apenas a verba para a compra do terreno, que de fato custou R$ 33 milhões. O valor restante, que será usado para erguer as casas, aguarda hoje a publicação de uma portaria do Ministério da Economia e do Ministério do Desenvolvimento Regional para sair.

Em maio de 2014, o MTST ocupou um terreno de mais de 150 mil m² na capital paulista, próximo à Neo Química Arena, estádio do Corinthians e uma das sedes da Copa do Mundo daquele ano. Os sem teto protestavam contra a pressão imobiliária gerada pelas obras do Mundial e batizaram a ocupação de Copa do Povo. Em agosto, o MTST firmou um acordo de aquisição do terreno com a proprietária, a construtora Viver.

Ao mesmo tempo, a organização do movimento negociou a inclusão do projeto no Minha Casa Minha Vida para que a obra fosse custeada pelo poder público. O plano do condomínio Copa do Povo foi aprovado em julho de 2015 no âmbito do programa habitacional, prevendo a entrega de 2.650 casas com investimento de R$ 307 milhões.

O projeto é dividido em duas fases: aquisição do terreno e construção das moradias. A primeira aconteceu em setembro de 2015, quando a Caixa Econômica Federal liberou R$ 33,1 milhões diretamente para a proprietária do terreno — e não ao movimento, como sugerem as peças desinformativas.

Após a compra do terreno, no entanto, o projeto ficou paralisado. Em 2019, o MTST formalizou uma denúncia ao MPF (Ministério Público Federal) para questionar os motivos do atraso. O ofício, enviado à pasta do Desenvolvimento Regional em junho daquele ano, pedia informações sobre “providências que estão sendo adotadas para o repasse dos recursos necessários à conclusão (fase 2) dos empreendimentos”. Não há registro de respostas ao documento.

Em julho de 2020, a Procuradoria da República de São Paulo instaurou um inquérito civil (nº 1.00.000.012041/2019-10) para investigar o atraso das obras do condomínio Copa do Povo. O estado atual do inquérito e as duas respostas do Ministério do Desenvolvimento Regional podem ser conferidos aqui e aqui.

Questionado pelo Aos Fatos, o ministério informou que o projeto aguarda a publicação de uma portaria interministerial para atualizar as tarifas de prestação de serviço da Caixa, que, após anos de paralisação, estão defasadas. Segundo a pasta, a contratação da segunda fase da obra depende da definição da remuneração do agente financeiro.

"Foram necessárias novas discussões entre o Ministério do Desenvolvimento Regional, o Ministério da Economia e a Caixa Econômica Federal para que pudessem ser solicitadas informações adicionais e esclarecimentos sobre nova proposta de revisão tarifária. Essa etapa já se encontra em fase final e assim que for concluída, a portaria interministerial será apresentada”, afirmou o ministério, em nota.

Aos Fatos também entrou em contato com o Ministério da Economia, que não respondeu até a publicação desta checagem.

Referências:

1. G1
2. Áltera
3. R7
4. Diário Oficial da União
5. MDR
6. Rede Brasil Atual
7. Estadão


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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