🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Não é verdade que Chapecó tenha zerado as internações por Covid-19

Por Marco Faustino

5 de abril de 2021, 19h45

É falso que Chapecó (SC) zerou o número de internações devido à adoção de um "tratamento precoce" contra a Covid-19, como afirmam publicações nas redes sociais (veja aqui). Além de inexistirem evidências da eficácia de medicamentos para tratar a infecção, a cidade catarinense mantinha nesta segunda-feira (5) 193 pacientes internados com a doença: 129 em UTI, 61 em leitos de enfermaria e três em outros setores.

Publicações enganosas acumulavam ao menos 11.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta segunda e foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona).


Chapecó instituiu tratamento precoce e zerou internação. Apenas 7 estão em UTI, porque não fizeram o tratamento

Chapecó, em Santa Catarina, não zerou internações por Covid-19 após ter adotado protocolo de "tratamento precoce". Segundo boletim divulgado nesta segunda-feira (5), a cidade tem 193 pacientes internados com a doença: 129 em UTIs (Unidades de Tratamento Intensivo), 61 em leitos de enfermaria e três em outros setores.

Somente no maior hospital do município, o Hospital Regional do Oeste, havia 113 chapecoenses internados com a infecção pelo novo coronavírus no sábado (3): 61 em leitos de enfermaria e 52 em UTI. Ao ser questionada sobre a adoção de "tratamento precoce", a unidade de saúde disse não interferir na relação entre médico e paciente.

As peças de desinformação também afirmam que o número de casos ativos na cidade caiu de 6 mil para apenas 800, atribuindo a queda ao “tratamento precoce” - mas não é informado o período em que essa redução teria sido observada.

No dia 4 de março, a cidade contabilizou 5.555 casos ativos de Covid-19. Um mês depois havia cerca de 300. A redução não pode ser atribuída ao "kit covid", com cloroquina e ivermectina, que é incentivado pela prefeitura da cidade desde o ano passado. As drogas não têm eficácia contra a doença. Houve ainda um reforço no estímulo ao "tratamento precoce" em janeiro, um mês antes do colapso da rede hospitalar chapecoense.

Também é omitido nas postagens checadas que Chapecó restringiu a circulação de pessoas através do fechamento de serviços não essenciais entre 23 de fevereiro e 7 de março para conter a escalada de casos e mortes por Covid-19. Segundo levantamento feito por Cristian Weiss, jornalista especializado em dados, ao portal NSC Total, as medidas restritivas resultaram em queda de 61% no número de casos ativos.

As publicações checadas fazem referência a uma transmissão ao vivo na quarta-feira (31), onde o prefeito João Rodrigues (PSD) celebra o fechamento de uma das enfermarias do CAAC (Centro Avançado de Atendimento Covid-19). Porém, conforme divulgado pela própria prefeitura, o fechamento ocorreu devido as quase cem altas hospitalares e a transferência de 80 pacientes para outras unidades de saúde.

Além disso, não há UTI no CACC, mas leitos de enfermaria e UTSI (Unidade de Terapia Semi-Intensiva), onde geralmente são atendidos pacientes que estão em processo de estabilização ou em estado de saúde não muito grave, mas que requer observação e monitorização contínua.

Tanto no boletim publicado no site da prefeitura, quanto na página oficial do município, no Facebook, é possível constatar que, no dia 31 de março, havia 123 pessoas internadas em UTIs e 71 em enfermarias. Apenas no Hospital Regional do Oeste, haviam 66 moradores de Chapecó em UTI e outros 50 em leitos de enfermaria.

Outro lado. Por e-mail ao Aos Fatos, a Prefeitura de Chapecó confirmou que foram zerados apenas os leitos de UTSI do CACC. Sobre o “tratamento precoce” a administração disse que foi dada liberdade para que os médicos prescrevessem o que considerassem necessários, e que “os pacientes suspeitos passam por triagem nas unidades de saúde, testagem, consulta e medicação”.

Esta peça de desinformação também foi checada pelo Boatos.org e E-farsas.

Referências:

1. Facebook (Fontes 1, 2, 3, 4, 5 e 6)
2. NSC Total (Fontes 1, 2, 3, 4 e 5)
3. Aos Fatos (Fontes 1, 2 e 3)
4. Hospital Santa Joana
5. Prefeitura de Chapecó


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.