Não é verdade que o jornal satírico francês Charlie Hebdo tenha publicado uma charge que retrata o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assediando uma estátua da Justiça e uma legenda que diz "Confirmado: o Supremo brasileiro é uma merda". A montagem que circula nas redes (veja aqui) foi feita sobre um desenho publicado pelo jornal Perú 21 em 2015 que mostrava Alan García, ex-presidente peruano, no lugar do petista.
O conteúdo reunia 16.990 compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (3) e foi marcado como FALSO na ferramenta de checagem da rede social (entenda como funciona).
Brasil vira piada no resto mundo
Trata-se de uma montagem a foto que circula nas redes sociais como se fosse uma charge publicada na capa do jornal satírico francês Charlie Hebdo com o ex-presidente Lula (PT) assediando o símbolo da Justiça e a frase "Confirmado: o Supremo brasileiro é uma merda". A charge original foi publicada na edição 488 do suplemento El Otorongo, do jornal Perú 21, de julho de 2015. A figura satirizada era Alan García, ex-presidente do Peru, morto em 2019, e não há qualquer alusão ao STF (Supremo Tribunal Federal).
A parte superior da montagem refere-se, de fato, ao cabeçalho da capa uma edição do Charlie Hebdo, de setembro de 2012. Porém, a charge retrata o profeta Maomé sentado em uma cadeira de rodas empurrada por um judeu.
Em pesquisa no site do Charlie Hebdo, que reúne as capas das edições publicadas desde janeiro de 2018, o Aos Fatos não encontrou qualquer imagem que satirizasse o ex-presidente Lula ou que trouxesse mensagens com ofensas ao STF.
A montagem circula nas redes sociais desde 2016, quando Lula foi nomeado ministro da Casa Civil do governo Dilma Rousseff (PT), mas não chegou a assumir o cargo. A peça voltou à tona após o STF determinar a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) por divulgar um vídeo com ataques contra membros da Corte e elogios ao AI-5 da ditadura.
Em 2019, uma outra montagem com alusão a Lula e o STF circulou nas redes após a decisão da Justiça pela saída do ex-presidente da prisão.
Esta peça de desinformação também foi checada por Estadão Verifica, G1 e Observador.