Teste de prender respiração não indica se alguém tem Covid-19

Compartilhe

É falso que qualquer pessoa pode verificar se está ou não infectada com o novo coronavírus prendendo a respiração por cerca de 20 segundos, como afirmam publicações que compartilham um vídeo do suposto teste nas redes sociais (veja aqui). Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde) e uma especialista entrevistada por Aos Fatos, não é possível fazer o diagnóstico de Covid-19 de um paciente por meio de sua capacidade de segurar a respiração.

No Facebook, posts com o conteúdo enganoso reuniam centenas de compartilhamentos nesta terça-feira (8) e foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (veja como funciona). A informação falsa também circula no WhatsApp (receba as checagens), onde não é possível medir com precisão seu alcance.


FALSO

Se você conseguir prender a respiração até que o ponto vermelho se mova de A para B, você está livre de Covid 19 no momento. Teste simples e cobiçoso. Teste grátis sem nenhum custo. Ajude a salvar uma vida. Espere até que o ponto vermelho se mova para A antes de começar a prender a respiração.

Vem sendo compartilhado nas redes sociais um vídeo que supostamente seria um teste produzido por um hospital indiano para detectar Covid-19. Segundo as publicações que difundem o material, se o usuário conseguir segurar a respiração por cerca de 20 segundos, ele não estará infectado pelo novo coronavírus. No entanto, além de a OMS e uma pesquisadora consultada pelo Aos Fatos negarem que um teste do tipo sirva para diagnosticar a infecção, o Hospital Ananta, apontado como responsável pelo material, negou sua autoria.

Segundo Ilma Paschoal, pneumologista e pesquisadora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), o teste do vídeo não resulta num diagnóstico preciso do estado de saúde dos pulmões: “Pessoas normais podem fazer períodos longos de apneia (tempo sem respirar) que podem variar de acordo com a capacidade pulmonar e com o treinamento. Essa manobra [de ver o tempo que o paciente consegue segurar a respiração] não é utilizada para medir nada na prática da pneumologia”.

Uma informação semelhante circulou nas redes sociais em março deste ano, possivelmente porque um dos sintomas da infecção pelo novo coronavírus seja a sensação de falta de ar. Na época, a própria OMS (Organização Mundial da Saúde) desmentiu as alegações de que a capacidade de segurar a respiração por um período maior do que 10 segundos sem sentir desconforto seria a prova de que a pessoa não estaria infectada: “A melhor maneira de confirmar se você tem o vírus da Covid-19 é com um teste de laboratório. Você não consegue confirmar com esse exercício respiratório, que pode, inclusive, ser perigoso”.

A peça desinforma ainda ao sugerir que a falta de ar seria um sintoma desenvolvido por todos os infectados. Segundo artigo da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), a dispneia aparece em 34% dos casos. Os sintomas mais comuns da doença são febre, tosse e perda do olfato ou paladar.

Em cartilha que compara sintomas de doenças respiratórias, o Ministério da Saúde também não classifica a falta de ar como uma manifestação comum nos casos de Covid-19:

Por fim, Aos Fatos entrou em contato com a assessoria do Hospital Ananta, situado na Índia e apontado como responsável pelo vídeo. Por mensagem, a instituição negou a autoria do material.

A peça de desinformação circulou primeiramente em língua estrangeira e foi desmentida por equipes de checagem em diversos países, como Índia e Quênia. No Brasil, o Boatos.org e o Fato ou Fake também a desmentiram.

Compartilhe

Leia também

Relatório da PF inclui Aos Fatos na lista de monitorados ilegalmente pela ‘Abin Paralela’

Relatório da PF inclui Aos Fatos na lista de monitorados ilegalmente pela ‘Abin Paralela’

Meta fecha os olhos para golpes por receio de perder verbas de publicidade

Meta fecha os olhos para golpes por receio de perder verbas de publicidade

falsoNetanyahu não disse que país ocidental forneceu urânio para programa nuclear do Irã

Netanyahu não disse que país ocidental forneceu urânio para programa nuclear do Irã