🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

O que comentários em redes sociais podem revelar

Por Bianca Bortolon, Ethel Rudnitzki, João Barbosa e Milena Mangabeira

11 de setembro de 2023, 10h13

“Deixe seu like”, “se inscreva no canal” ou “siga a página” são pedidos frequentes em boa parte dos conteúdos nas redes. Afinal, ninguém publica nada à toa e o pagamento do “não existe almoço grátis” nesses meios vem por meio de curtidas e seguidores.

Esses números valem tanto para aqueles que monetizam suas publicações com base no número de visualizações ou produzem conteúdo patrocinado quanto para os que querem apenas experimentar loop de dopamina despertado pela notificação de uma curtida a mais.


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Mas quem já foi administrador de páginas ou trabalhou com redes sabe que curtidas e seguidores não são tudo o que importa. Um exemplo famoso de como esses números podem não significar muita coisa é o caso da influenciadora com 2,6 milhões de seguidores no Instagram que não conseguiu vender nem 36 camisetas em sua loja online.

Por isso, é importante considerar também outras métricas, como compartilhamentos e comentários. Essas interações trazem mais informações sobre o poder de engajamento de uma página, já que comentar em uma publicação exige mais tempo e dedicação do que uma simples curtida.

Além disso, os comentários trazem mais informações sobre como os seguidores estão recebendo os posts, porque contêm elogios, críticas e sugestões. No caso de plataformas de transmissão ao vivo, os comentários em chats são inclusive fonte de doações.

Os comentários também podem ser valiosos para investigações online:

  • Foi por meio da análise dos comentários na página do Exército no Instagram que o Aos Fatos constatou uma onda de ataques à Força às vésperas do 7 de Setembro;
  • Coletando comentários no YouTube da Jovem Pan no ano passado, revelamos também que houve um aumento no número de doações por comentários (ou Super Chats) no canal durante as lives do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);
  • Com a mesma estratégia, mostramos ainda que youtubers estavam recebendo doações durante transmissões ao vivo dos atos golpistas que ocorreram após o resultado das eleições de 2022.

Para conseguir essas informações, muitas vezes fazemos uso de técnicas e ferramentas de Osint:

  • Para coletar comentários do Instagram, usamos a ferramenta Instaloader, que consegue capturar e transpor em planilha os metadados de posts e perfis da rede social (como conteúdo, horário de publicação e autor), além de fazer download das imagens e até mesmo de stories;
  • Os dados são extraídos de um perfil criado pelo Aos Fatos no Instagram especificamente para essa função. Isso evita o banimento da conta principal, que pode ocorrer já que a ferramenta não é autenticada pela plataforma (essa é mais uma alternativa à ausência de API comentada na newsletter passada);
  • Já para obter dados de conversas em transmissões ao vivo do YouTube, usamos a ferramenta Chat Downloader, que faz o download do histórico do bate-papo e permite também identificar quais os valores recebidos via Super Chat e quem são os doadores.

Para operar essas ferramentas é preciso um conhecimento básico sobre interface de linha de comando — assunto que vamos abordar nas próximas newsletters. Mas há casos em que uma simples visita à caixa de comentários pode dar mais informações sobre uma página ou publicação. Experimente consultar essa métrica ao investigar as redes.


🧐 BUSCA AVANÇADA

Quer encontrar um conteúdo de um site específico, mas não tem tempo para procurar página por página? Nesses casos, uma busca no Google pode servir como atalho.

  • Insira no buscador o código “site:” seguido do domínio desejado;
  • Por exemplo: Para procurar conteúdos do Aos Fatos no Google, você deve digitar “site:aosfatos.org”;
  • O código deve então ser combinado aos termos desejados para a busca;
  • Por exemplo: Para buscar conteúdos sobre vacinas no nosso site, digite: “vacinas” e então “site:aosfatos.org”;

Esse método foi usado pelo Aos Fatos em reportagem que identificou que um deputado federal havia repassado verba pública para que um site conhecido por publicar desinformação postasse conteúdos sobre o seu mandato.

Pesquisando por “João Maia” e “site:terrabrasilnoticias.com.br”, encontramos 18 publicações sobre o deputado. A informação ajudou a explicar os motivos dos repasses que o parlamentar havia feito ao site, conforme declarado ao Portal de Transparência da Câmara.

sobre o

Radar Aos Fatos faz o monitoramento do ecossistema de desinformação brasileiro e, aliado à ciência de dados e à metodologia de checagem do Aos Fatos, traz diagnósticos precisos sobre campanhas coordenadas e conteúdos enganosos nas redes.

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