🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Não é verdade que epidemiologista disse que CoronaVac não poderia ser aprovada

Por Priscila Pacheco

15 de janeiro de 2021, 17h52

A epidemiologista e vice-presidente do Instituto de Vacina Sabin, Denise Garrett, não disse que a CoronaVac, vacina contra Covid-19 do Instituto Butantan, não poderia ser aprovada, conforme veiculou o blog Flávio Pereira News (veja aqui). Ao Aos Fatos, a médica negou ter dado qualquer declaração com esse teor e não há registros de falas semelhantes dela.

A peça de desinformação tem origem em um episódio ocorrido no dia da divulgação da taxa de eficácia global da vacina, que ficou em 50,38%. Ao revisar os dados a pedido do site O Antagonista, Garrett calculou que a taxa seria de 49%, mas a partir de um método que não foi o mesmo empregado pelo Instituto Butantan. De acordo com a epidemiologista, o site não esperou que ela verificasse o resultado antes de publicar a nota com o dado errado.

No Facebook, o texto com a alegação enganosa reunia ao menos 2.200 compartilhamentos nesta sexta-feira (15) e foi marcado com selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


Epidemiologista do Instituto Sabin de Washington diz que Coronavac do Butantan tem 49% de eficácia e não pode ser aprovada.


Não é verdade que Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto de Vacina Sabin, disse que a CoronaVac, imunizante contra a Covid-19 desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, não poderia ser aprovada pelos órgãos reguladores por ter eficácia de 49%, como alega o blog Flávio Pereira News. Em nenhum momento ela deu declaração desse tipo e o dado citado deriva de um cálculo incorreto feito pela médica ao site O Antagonista, que não esperou a revisão do número antes de publicá-lo.

Ao Aos Fatos, Garrett explicou que chegou no dado de 49% porque usou a metodologia de risco relativo, que considera apenas o número de infectados em cada grupo de pesquisa. O método aplicado pelo Butantan, entretanto, foi outro: o modelo de Wilcoxon, que utiliza uma variável que considera na conta da eficácia o tempo que um voluntário fica exposto ao risco de infecção. A opção pelo modelo consta no protocolo da pesquisa, de agosto de 2020.

Antes, porém, que Garret chegasse a essa conclusão, o site O Antagonista publicou a nota com o dado calculado pelo método de risco relativo. Naquele mesmo dia, no Twitter, a médica alertou que o número havia sido descontextualizado e extraído de uma conversa incompleta com o jornalista do site. Procurado por Aos Fatos nesta sexta-feira (15), O Antagonista não respondeu. O blog Flávio Pereira News também não retornou.

O Aos Fatos já checou outras peças de desinformação que citavam a taxa calculada com o outro modelo.

Referências:

1. Aos Fatos
2. Instituto Butantan
3. Twitter Denise Garrett


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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