🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que taxa de eficácia da CoronaVac caiu de 78% para 50,38% e 49,69%

Por Priscila Pacheco

14 de janeiro de 2021, 18h57

Não é verdade que a taxa de eficácia da CoronaVac, vacina contra Covid-19 desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, caiu de 78% para 50,38% e depois para 49,69%, conforme apontam publicações que circulam nas redes sociais (veja aqui).

O dado de 77,96% é verdadeiro, mas relacionado a contextos específicos, o chamado desfecho secundário. Na CoronaVac, ele corresponde à eficácia na prevenção de casos leves que precisariam de internação. Já os 50,38% representam o desfecho primário e indicam a eficácia global, ou seja, a capacidade de proteção da vacina contra todas as ocorrências da doença, de extremamente leve à grave.

O percentual de 49,69%, por sua vez, deriva de um cálculo que circulou nas redes sociais em que foram considerados apenas os números absolutos dos casos nos grupos de voluntários vacinados e que receberam placebo, substância sem efeito, nos testes clínicos. Porém, o protocolo do Instituto Butantan previa o cálculo com outro modelo, que utiliza uma variável que considera o tempo que um voluntário fica exposto ao risco de ser infectado.

Esta peça de desinformação reunia ao menos 2.000 compartilhamentos nesta quinta-feira (14) no Facebook e foi marcada com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (saiba como funciona).


Já está sendo comprovado que a eficácia da danada que era de 78% e depois caiu para 50,38% (o mínimo exigido pela Anvisa e OMS). Agora está em 49,69%.

Publicações que têm circulado nas redes sociais enganam ao afirmar que a taxa de eficácia da CoronaVac, vacina contra Covid-19 desenvolvida pela empresa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, caiu paulatinamente de 78% para 50,38% e, depois, para 49,69%.

De fato, no dia 7 de janeiro o governo de São Paulo anunciou que a CoronaVac tinha eficácia de 77,96% para prevenir casos leves que precisariam de internação. Entretanto, este dado é um desfecho secundário, relacionado a um contexto específico, e não deve ser confundido com a taxa de eficácia global, esta sim de 50,38% e apresentada nesta semana pelo Instituto Butantan. O chamado desfecho primário indica a capacidade de proteção da vacina contra todas as ocorrências da doença, de extremamente leve à grave.

Já o dado 49,69% de eficácia nem mesmo é oficial. Ele surgiu de projeções feitas por usuários das redes sociais a partir de um cálculo que considera somente o número absoluto das ocorrências da doença entre os voluntários. É uma metodologia que existe e se chama incidência acumulada, mas que não foi empregada pelo Instituto Butantan - e por isso não pode ser atribuída à CoronaVac da maneira como faz a peça de desinformação.

Em seu protocolo de pesquisa publicado em agosto de 2020, o Butantan determinou o uso do modelo de Wilcoxon, que utiliza a “hazard ratio”, uma variável que considera o tempo que um voluntário fica exposto ao risco de ser infectado.

Ao Estadão, Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Butantan, explicou que o método foi escolhido por se tratar de um estudo de curta duração, no qual o tempo de exposição aos riscos de contaminação pode variar muito entre cada voluntário: “na análise da eficácia pelo hazard ratio (1 - hazard ratio, que é 1 menos a razão da taxa de incidência), o tempo de exposição de cada voluntário é somado para calcularmos um índice de casos conforme o tempo”.

Assim, o Butantan usou números de densidade de incidência para calcular a taxa de eficácia e chegar aos 50,38%.

A taxa de 49,69% surgiu após distorção de uma fala de Denise Garrett, epidemiologista e vice-presidente do Instituto de Vacina Sabin, ao site O Antagonista. No Twitter, a médica afirmou que o número foi descontextualizado e que, de acordo com os dados apresentados pelo Instituto Butantan, a CoronaVac tem eficácia de 50,4%.

Referências:

1. BBC Brasil
2. Instituto Butantan
3. Estadão
4. Twitter Denise Garrett


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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