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🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Live anima apoiadores com desinformação de fraude nas urnas, mas críticas a Bolsonaro predominam no Twitter

Por Cecília do Lago, Débora Ely e João Barbosa

30 de julho de 2021, 18h55

Em sua live de quinta-feira (29), transmitida pelas redes sociais e pela TV Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reacendeu entre seus apoiadores mais fiéis falsas teorias sobre fraudes nas urnas. Entretanto, as críticas às falas do presidente foram mais proeminentes e dominaram a discussão sobre o assunto no Twitter, segundo levantamento do Radar Aos Fatos.

Uma coleta realizada pelo Radar durante a transmissão ao vivo identificou que ao menos 10.413 usuários interagiram no Twitter sobre o assunto, gerando 15.057 retweets entre as 19h e as 21h. Sete grandes grupos se destacaram no debate, sendo que seis deles, que representaram 63% dos perfis e 54% dos retweets, condenaram em algum grau a postura de Bolsonaro e suas denúncias inverídicas.

Já o segmento menor, composto principalmente por apoiadores do presidente, concentrou 3.839 perfis (37% do total) e 6.868 retweets (46%).

A figura abaixo ilustra a discussão sobre a live no Twitter. Os pontos representam os usuários na rede, e as linhas entre eles, retweets. Por meio de um algoritmo, o Radar separou as contas em grupos de acordo com o nível de interação entre elas – aquelas que se retuitam com mais frequência tendem a estar na mesma cor.

Teorias sobre fraudes

O segmento bolsonarista (em azul no grafo) interagiu principalmente entre si e concentrou-se em repetir algumas das alegações mencionadas por Bolsonaro na live. O tweet mais compartilhado foi o do blogueiro Oswaldo Eustáquio, que celebrou o fato de que uma petição de seu advogado e amigo foi citada pelo presidente.

Outros tweets que receberam destaque no segmento bolsonarista publicaram informações sobre o hacker Marcos Roberto da Silva, preso por invadir o sistema do Serasa, e amplificaram conteúdos enganosos sobre uma suposta vitória em primeiro turno de Bolsonaro na eleição presidencial de 2018.

Além das peças de desinformação, o grupo bolsonarista também reuniu entre as postagens mais compartilhadas mensagens que expressavam apoio ao presidente e ataques ao atual presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Luís Roberto Barroso.

Críticas à live

Dos seis grupos que dispararam comentários negativos sobre o presidente e a live, dois concentraram o maior número de usuários. O primeiro deles (em verde escuro no grafo) somou 1.923 perfis (18% do total) e foi responsável por 2.757 retweets (18%). Este segmento agregou políticos, veículos alinhados à esquerda e jornalistas da imprensa profissional com os quais esse grupo interagiu.

O segundo maior grupo crítico ao pronunciamento de Bolsonaro (em laranja no grafo), que teve 1.144 usuários (11% do total) e 1.477 retweets (10%), uniu políticos e movimentos sociais ligados à direita e veículos de imprensa compartilhados por esses perfis.

Os demais, representados no grafo nas cores marrom, rosa, roxo e verde claro, reuniram comentários desfavoráveis a Bolsonaro publicados sobretudo por jornalistas e influenciadores digitais.

As críticas a Bolsonaro mais compartilhadas estavam relacionadas ao fato de o presidente não ter apresentado provas da fraude eleitoral em 2018, e sim “indícios de que isso poderia ocorrer”. Além disso, as respostas do TSE às falas de Bolsonaro e afirmações de que ele imitava o ex-presidente norte-americano Donald Trump ao colocar em dúvida o processo eleitoral também estavam entre as postagens mais repetidas.

Metodologia

O Radar Aos Fatos coletou, por meio da API pública do Twitter, mensagens que continham palavras-chave relacionadas à live do presidente Jair Bolsonaro transmitida na noite de quinta-feira. Depois, reuniu os tweets em grupos de acordo com o grau de interação entre eles, usando a ferramenta Gephi.

Referências:
1. Aos Fatos (1 e 2)

sobre o

Radar Aos Fatos faz o monitoramento do ecossistema de desinformação brasileiro e, aliado à ciência de dados e à metodologia de checagem do Aos Fatos, traz diagnósticos precisos sobre campanhas coordenadas e conteúdos enganosos nas redes.

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