Vídeo que mostra carro lotado de crianças não foi gravado no Marajó nem retrata tráfico humano
Um vídeo que mostra dezenas de crianças sendo transportadas em um carro não foi gravado na região da Ilha de Marajó (PA) nem retrata um caso de tráfico humano. Na verdade, a cena foi registrada no Uzbequistão em setembro de 2023, quando uma professora foi parada pela polícia por excesso de passageiros.
Publicações que tiram o vídeo do contexto acumulavam mais de 7.000 curtidas no Instagram e ao menos 80 mil visualizações no TikTok até a tarde desta quarta-feira (22).
Imagens fortes. Tráfico de crianças na ilha de Marajó. Mais de 20 crianças dentro de um carro.
Publicações nas redes usam um vídeo que mostra diversas crianças sendo transportadas dentro de um carro para alegar que se trata de um caso de tráfico humano na Ilha de Marajó. Na verdade, as cenas foram gravadas em Bukhara, no Uzbequistão, quando uma professora de ensino infantil foi parada pela polícia por transportar irregularmente 25 alunos em seu carro.
A professora alegou estar levando as crianças para suas casas, uma vez que a maioria dos pais tinha dificuldade em ir buscar os filhos na escola, e foi acusada de condução perigosa. O vídeo original foi publicado em setembro de 2023, e o caso foi reportado por diferentes veículos de imprensa.
Na época em que foram originalmente publicadas, as imagens também circularam fora de contexto nas redes brasileiras em publicações que alegavam se tratar de um caso de tráfico de pessoas no Uzbequistão. Esses posts enganosos também foram desmentidos pelo Aos Fatos.
Viralização. A situação de exploração infantil no Marajó, região que tem um dos menores índices de IDH no país, virou assunto nas redes nesta semana após ser denunciada pela cantora gospel Aymeê Rocha durante performance no reality show Dom na última quinta-feira (15).
O vídeo da cantora viralizou e trouxe à tona diferentes peças de desinformação sobre a região, entre elas cenas de abuso infantil registradas em outros lugares e acusações sem provas da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
Referências:
1. YouTube (SBT News)
2. O Globo
3. Agência Pública
4. Aos Fatos (1, 2)
5. MPF
