Não é verdade que um motorista muçulmano foi detido no Uzbequistão por transportar 25 crianças com o intuito de traficá-las para fins sexuais e roubo de órgãos. As peças de desinformação que fazem essa alegação compartilham o vídeo de uma professora presa no país por condução perigosa ao transportar 25 alunos em um veículo com capacidade para quatro passageiros. Ela estaria levando as crianças para suas casas devido à dificuldade dos pais em buscar os filhos na escola.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 1.200 curtidas no Instagram e 20 mil visualizações no TikTok até a tarde desta segunda-feira (2). Os posts também circulam em grupos no Telegram.
UZBEQUISTÃO Um condutor muçulmano foi detido a transportar 25 crianças, de forma suspeita… Acabou por admitir que as crianças iam ser vendidas para fins sexuais e colheira de órgãos.
Publicações nas redes têm compartilhado um vídeo que mostra diversas crianças sendo retiradas de um carro para alegar que se trata de um caso de tráfico humano. Gravadas em Bukhara, no Uzbequistão, as cenas mostram o momento em que a polícia deteve uma professora de ensino infantil que transportava para suas casas 25 alunos em um carro com capacidade para quatro passageiros.
O vídeo com o contexto original foi compartilhado nas redes no dia 16 de setembro. A educadora admitiu que realizava regularmente o transporte dos alunos, já que a maioria dos pais não conseguia buscar os filhos na escola. Ela foi presa e acusada de condução perigosa.
Divulgação. Peças de desinformação sobre tráfico humano têm sido usadas para promover o filme “Som da Liberdade”, que estreou no Brasil no dia 21 de setembro. A divulgação do longa, que narra a história de um homem que decide resgatar crianças vítimas de tráfico sexual na Colômbia, mobiliza grupos conservadores, que têm inclusive distribuído ingressos gratuitos.
Inspirado nos relatos de um ex-agente especial americano, o filme é apontado como veículo de teorias conspiratórias, em especial as ligadas ao QAnon, um dos grupos responsáveis pelos ataques ao Capitólio dos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021. Além disso, o homem que inspirou a história é acusado de assédio sexual por sete mulheres que atuaram com ele em operações de resgate.