Não é verdade que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), afirmou em carta ao Senado que abandonará o comunismo caso seja confirmado como membro do STF (Supremo Tribunal Federal). No documento, Dino lista fatos de sua trajetória profissional e promete que será técnico e imparcial caso seja aprovado em sabatina marcada para a próxima quarta-feira (13). Não há nenhuma menção na carta à ideologia política do ministro.
Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 120 mil visualizações no Tik Tok, 3.000 curtidas no Instagram e 2.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (6).
Em carta ao Senado, Dino diz que será técnico e imparcial e que vai abandonar o comunismo
Publicações nas redes enganam ao afirmar que Flávio Dino prometeu abandonar o comunismo em carta enviada ao Senado após sua indicação ao STF. Aos Fatos teve acesso a uma cópia do documento e verificou que não há qualquer trecho que faça menção à ideologia política do ministro. O conteúdo também não consta em matérias publicadas na imprensa (veja aqui e aqui). Em nota, a assessoria de Dino negou a veracidade das alegações.
Em carta datada de 27 de novembro, mesmo dia em que foi indicado ao cargo de ministro do Supremo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Dino menciona fatos de sua carreira como magistrado, professor e político e promete ser técnico e imparcial caso seja confirmado para a vaga no STF. “Postulo, dessa forma, a aprovação do Senado Federal para iniciar uma nova etapa em minha vida, na qual — de modo técnico e imparcial — comprometo-me a zelar pela Constituição e pelas leis da nossa Pátria”.
Indicado por Lula para ocupar a vaga da ministra Rosa Weber, que se aposentou neste ano, Dino ainda precisa passar por uma sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado e duas votações: uma na comissão e outra no plenário da Casa. A arguição deve ocorrer na próxima quarta-feira (13).
É fato, no entanto, que Dino já disse se considerar comunista. Em entrevista ocorrida em 2015, ele, que à época era governador do Maranhão pelo PC do B, disse que era necessário ser coerente e que, enquanto “socialista, comunista e marxista”, fazia o que “Lenin recomendava”. Em outra conversa com a imprensa , dessa vez em 2020, ele disse ser “comunista, graças a Deus” ao ser indagado sobre sua ideologia política.
Alvo recorrente de posts enganosos, Flávio Dino entrou mais uma vez na mira de desinformadores após ser indicado ao STF. Aos Fatos desmentiu na última semana, por exemplo, posts que tiravam de contexto áudios satíricos para alegar que o ministro teria anunciado planos do governo para destruir a economia e peças que tratavam como se fosse o político um homem que aparecia dançando com trajes indígenas em vídeo.