🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2015. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Aécio mira dívida pública, mas só acerta parte do alvo

10 de setembro de 2015, 17h10

Principal assunto do dia no Congresso, o rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor's na última quarta-feira (9) gerou reação dos principais opositores ao governo. A exemplo disso, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), negou que Câmara e Senado tenham culpa pela perda do grau de investimento — ainda que a agência tenha atribuído à decisão "aumento elevado do risco para a política de correção fiscal em andamento, principalmente decorrendo da dinâmica fluída no Congresso". Na semana passada, Aos Fatos já havia mostrado que a Câmara teve papel fundamental para o deficit orçamentárioe que a fala de Cunha não tem pouco amparo na realidade.

Por isso, foi no comentário do senador Aécio Neves (PSDB-MG) que Aos Fatos decidiu focar nesta quinta-feira (10). Um dos principais líderes da oposição, o tucano mirou no crescimento de gastos do governo, fruto da política econômica praticada pela presidente Dilma Rousseff, mas não acertou o centro da meta. Numa parceria com o Volt, veja abaixo por quê.

IMPRECISO

Em 2008, no auge da crise financeira mundial, o país havia conquistado o grau de investimento em decorrência de anos de reformas e da manutenção do tripé macroeconômico do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. No entanto, a partir de 2009, o PT colocou em prática a sua política equivocada de intervenção na economia, expansão desenfreada de gastos públicos, crescimento exagerado da dívida pública em dez pontos do PIB de 2009 a 2014.

Antes de qualquer comentário, cabe explicar que a dívida pública não é um conceito fechado. Seu cálculo é dividido entre dívida bruta e dívida líquida — e governo e oposição usam o cálculo que melhor lhes convém.

A dívida bruta abrange o total das dívidas de responsabilidade dos governos federal, estaduais e municipais (incluindo administração direta, indireta e Previdência) junto ao setor privado, ao setor público financeiro, ao Banco Central e ao resto do mundo. A dívida líquida refere-se ao total das obrigações do setor público, deduzido dos seus ativos financeiros.

Portanto, enquanto é verdadeiro que a dívida bruta brasileira cresceu em relação ao PIB no período citado pelo senador, a dívida líquida diminuiu.

Aécio não deixou claro qual a métrica e a base temporal final utilizada em seu discurso, mas a dívida pública total de fato cresceu significativamente nos últimos anos, saltando de R$ 2,1 trilhões em 2009 para R$ 3,4 trilhões ao fim de 2014.

A proporção da dívida bruta total sobre o PIB, ajustado a patamares de 2014, era de cerca de 45% em 2009, ano da crise econômica mundial. No balanço fechado de 2013, essa proporção saltou para cerca 55%, ou uma alta de 10 pontos percentuais sobre 2009, conforme disse o senador. Porém, se contabilizado todo o ano de 2014, o número é ainda maior: 61% — ou uma alta de cerca de 16 pontos percentuais no período.

No entanto, a proporção da dívida líquida brasileira (que desconta o que o país já tem em caixa ou vai receber no futuro) sobre o PIB corrente na verdade caiu entre 2009 e 2014, de 25,4% para 21,3%, segundo dados da Secretaria do Tesouro Nacional.

Sobre os gastos públicos, embora Aécio não tenha citado dados específicos, eles de fato dispararam durante o governo Dilma. No ano passado, pela primeira vez desde 1997, quando foi iniciada a série histórica, as despesas totais do governo central — Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central — superaram a receita líquida.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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