“Não me valho dessas palavras [do diretor-geral da OMS] para negar a importância das medidas de prevenção e controle da pandemia.”
Se, no pronunciamento, o presidente não usou declarações do diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, para refutar medidas de prevenção e controle ao Covid-19, mais cedo, em entrevista, Bolsonaro citou as mesmas falas para sugerir um recuo da entidade sobre a quarentena obrigatória, o que não ocorreu. Portanto, esta declaração é CONTRADITÓRIA. Em entrevista coletiva nesta segunda-feira (30), Ghebreyesus foi questionado sobre o impacto da quarentena na Índia e alertou, de fato, que os governos devem ponderar os impactos sociais e econômicos do confinamento sobre a população mais pobre e buscar soluções, mas não defendeu o fim ou o relaxamento da quarentena. Ainda assim, na manhã desta terça-feira, Bolsonaro afirmou, em referência a fala do chefe da entidade: “Eu achei excepcional a palavra dele, e meus parabéns: OMS se associa a Jair Bolsonaro”. E ainda disse: “Vocês viram o que o diretor-presidente da OMS falou, não? Alguém viu aí? Que tal eu ocupar rede nacional de rádio e TV hoje à noite para falar sobre isso? O que ele disse praticamente, em especial, tem que trabalhar (...) Quando eu comecei a falar isso, entraram até com processo no Tribunal Penal Internacional contra mim, me chamando de genocida. Eu sou um genocida por defender o direito de você levar um prato de comida para tua casa”.