“Eu determinei, tão logo houve o episódio lá em [Comendador] Levy Gasparian [RJ], que o Roberto Jefferson fosse preso imediatamente.”
A declaração de Bolsonaro contém uma série de inverdades. Não cabe ao presidente da República determinar prisões; essa competência é privativa do Poder Judiciário. A prisão de Roberto Jefferson (PTB) foi determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes em meio ao inquérito das milícias digitais após o ex-parlamentar, que já cumpria prisão domiciliar, ter desrespeitado repetidas vezes as medidas restritivas estabelecidas pela Justiça. A prisão de Jefferson também não ocorreu “imediatamente”, como aponta Bolsonaro. Ao chegar à residência do petebista para cumprir o mandado de prisão, a PF (Polícia Federal) foi recebida com tiros e granadas que feriram dois agentes. Diante dos ataques, o ministro Alexandre de Moraes expediu outro pedido de prisão, agora em flagrante, e a rendição foi negociada ao longo de oito horas. O presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar que o ministro da Justiça, Anderson Torres, iria à residência do ex-parlamentar para participar das negociações. Torres, no entanto, foi apenas até a delegacia da PF em Juiz de Fora (MG), a 50 km de onde residia Jefferson, onde gravou um vídeo para afirmar que estava acompanhando o trabalho da polícia.