“Negativo. Abortivo é Cytotec. É pílula do dia seguinte. É isso? Se é isso? Outra coisa. Trinta anos atrás? Eu posso mudar, ué.”
Questionado sobre um discurso sobre controle de natalidade feito no plenário da Câmara dos Deputados em 1992, durante seu primeiro mandato como deputado federal, Bolsonaro diz não ter defendido o uso de medicamentos abortivos, mas de pílulas contraceptivas, o que é FALSO. No dia 4 de abril daquele ano, o então deputado pelo PDC subiu à tribuna para ler uma reportagem da Folha de S.Paulo intitulada “China começa a usar pílula de aborto”, que era destinada a mulheres com menos de 35 anos que estavam grávidas há menos de 49 dias. A reportagem foi publicada no dia 5 de dezembro de 1991, e dizia que “o temor de uma nova explosão de crescimento populacinal fez o governo da China decidir que vai começar a distribuir as controvertidas ‘pílulas de aborto’ em janeiro de 1992”. Em seu discurso, Bolsonaro defendeu métodos de controle de natalidade e afirmou que “de nada adianta à Nação ter uma multidão de brasileiros subnutridos, sem condições de servir ao seu país”. O deputado também pediu que a temática fosse tratada “sem demagogia, sem interesse partidário ou eleitoreiro, porque de nada adiantam nossas convicções religiosas, políticas ou filosóficas, quando se está em jogo, sem dúvida, uma questão bem mais grave e que, de fato, interessa à segurança nacional”. Ao fim do discurso, Bolsonaro pediu à presidência que a reportagem fosse transcrita nos anais da casa. Não há, ao longo da transcrição do discurso, qualquer menção ao uso de pílula contraceptiva de emergência, ou pílula do dia seguinte.