“Ou seja, tudo isso temos notado não é de agora. Em certos locais que eu achava que iria bem e poderia até ganhar, a nossa análise, pode ter havido outro fatores, outros fatores, mas vimos que perdemos. Certamente, ou com toda a certeza, as inserções, essas de rádio, fizeram a diferença ou poderiam ter feito a diferença.”
Ao comentar sobre a acusação feita na segunda-feira (24) por sua campanha ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre uma suposta fraude eleitoral envolvendo inserções em rádios, Bolsonaro sugere que a alegada disparidade na transmissão das propagandas teria prejudicado seu resultado no primeiro turno. Mesmo que as provas apresentadas fossem robustas — o que não é o caso, já que há erro de metodologia na coleta e discrepâncias entre os áudios e os relatórios enviados pelos advogados —, a alegação é necessariamente falsa, uma vez que os documentos apresentados dizem respeito apenas ao período de 7 a 21 de outubro, já durante o segundo turno. Aos Fatos transcreveu 11 das 24 horas de áudios da rádio Bispa FM, de Pernambuco, enviados pelos advogados do PL ao TSE. O levantamento mostra que, no período, houve 20 inserções do PT e 21 inserções do partido de Bolsonaro. No relatório do partido, porém, constam todas as 20 inserções do PT e somente 9 do PL. Das 8 rádios listadas na ação, ao menos 6 vieram a público desmentir as conclusões do relatório do partido de Bolsonaro e afirmaram ter gravações que provam que as inserções foram veiculadas de acordo com a lei. Nesta quarta (26), o ministro Alexandre de Moraes negou prosseguimento ao pedido da campanha e pediu ao procurador-geral eleitoral, Augusto Aras, que investigue “possível cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana”.