Não foi registrado na fronteira entre Brasil e Venezuela o vídeo que mostra uma fila de veículos militares brasileiros circulando por uma área urbana. Além de o Exército ter negado, em nota ao Aos Fatos, que a gravação tenha sido feita na fronteira, indícios presentes nas imagens atestam que o vídeo foi registrado em Cristalina (GO).
O vídeo com o falso contexto tem sido compartilhado principalmente no TikTok, onde acumula mais de 700 mil visualizações até a tarde desta sexta-feira (1º). As peças de desinformação circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Divisa Brasil/Venezuela HOJE.
Um vídeo gravado em Cristalina (GO) tem sido compartilhado nas redes como se mostrasse a movimentação do Exército brasileiro na fronteira entre Brasil e Venezuela. As peças sugerem que os militares brasileiros estariam se preparando para entrar em confronto com o país vizinho, que ameaçou invadir a Guiana.
Aos Fatos não identificou a publicação original, mas, por meio de busca reversa, encontrou uma versão mais extensa da gravação. Indícios presentes nas imagens atestam que a filmagem foi feita no interior de Goiás, a mais de 4.000 km de distância da fronteira entre Brasil e Venezuela:
- Os postes e placas que aparecem no vídeo são idênticos aos localizados na rua Inácio Jorge dos Santos (veja abaixo), que contorna o setor militar de Cristalina;
- Os carros que aparecem no vídeo têm placas registradas em Cristalina;
- E na versão maior do vídeo é possível ver a Borracharia Felipe, localizada nas proximidades do batalhão.
Questionado, o Exército confirmou, em nota, que o vídeo não foi feito na fronteira com a Venezuela. O Aos Fatos também perguntou qual é o contexto real da gravação, mas não recebeu resposta.
É fato, no entanto, que o Brasil reforçou o efetivo militar em Pacaraima: segundo informações divulgadas pela imprensa, o Exército enviou mais 60 militares para manter vigilância na fronteira após Nicolás Maduro ameaçar invadir a Guiana para tomar uma parte de seu território. O ditador convocou para o próximo domingo (3) um referendo popular para decidir se o país deve tentar anexar Essequibo, território que corresponde a cerca de 74% da área do país vizinho.