É antiga e não foi gravada no Rio Grande do Sul a cena que mostra uma repórter da Globo segurando um microfone sem a identificação da emissora. Peças de desinformação compartilham o vídeo para alegar que a profissional teria escondido o logo da empresa para evitar ser atacada pelo povo gaúcho enquanto noticiava desdobramentos das enchentes. Os posts omitem, porém, que o conteúdo foi gravado no Rio de Janeiro e que a jornalista não integra o Grupo Globo desde 2022.
As publicações com o vídeo descontextualizado acumulavam 6.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (22).
Microfone sem a logomarca da rede esgosto. A globolixo tendo que esconder que trabalha na globo no RS pra não ser chamada de globolixo pelos gaúchos
Publicações nas redes mentem ao alegar que a reportagem que mostra uma jornalista da Globo segurando um microfone sem a identificação da emissora foi gravada durante as atuais enchentes no Rio Grande do Sul. Embora o Aos Fatos não tenha localizado o vídeo original, é possível constatar no frame compartilhado pelo posts enganosos que a cena foi gravada no Rio de Janeiro e exibida pelo RJ1, telejornal fluminense.
Apesar de não ter sido possível atestar a data exata do registro, a repórter que aparece nas imagens, Lizandra Trindade, deixou o Grupo Globo em 2022. Atualmente, ela participa da transmissão de eventos esportivos em parceria com outras emissoras.
Em busca no Globoplay, Aos Fatos verificou que jornalistas da RBS, afiliada da Globo no Rio Grande do Sul, têm usado os microfones com o logo da emissora em reportagens sobre as enchentes (confira aqui, aqui e aqui). Em conteúdo veiculado na edição da última terça-feira (14) do Jornal Nacional, o apresentador William Bonner também usou um microfone com a identificação da empresa.
Há, no entanto, registros de jornalistas que de fato gravaram conteúdos recentemente sem usar o microfone com o logo da Globo. É o caso do profissional da RPC — afiliada da emissora no Paraná — Roberson Jannuzzi. A cena foi interpretada como uma tentativa do jornalista de garantir sua segurança em meio aos recentes registros de hostilidade contra a empresa no estado.
No dia 7 de maio, por exemplo, o apresentador William Bonner foi alvo de críticas de um morador da região enquanto gravava uma edição do Jornal Nacional em Porto Alegre. Dias depois, o repórter Eduardo Paganella também foi hostilizado com gritos de “Globo Lixo” e gestos obscenos enquanto gravava um conteúdo em Canoas (RS).