🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Site distorce fatos ao alegar que Castello Branco concedeu a si mesmo bônus milionário na Petrobras

Por Marco Faustino

1 de março de 2021, 19h00

Uma publicação do site Agenda do Poder distorce informações ao afirmar que o atual presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, concedeu a si mesmo um "bônus milionário" (veja aqui). Apesar de ter partido do comando da empresa a proposta de triplicar o benefício pago a seus diretores, a medida só pôde ser implementada após passar pelo conselho de administração da companhia, pela assembleia de acionistas e pelo Ministério da Economia. Mesmo com poder para vetar, essas três instâncias chancelaram o aumento do bônus.

Posts com o conteúdo distorcido reuniam ao menos 17.900 compartilhamentos no Facebook nesta segunda-feira (1°) e foram marcados com o selo DISTORCIDO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


VERGONHOSO! Roberto Castello Branco se auto concedeu bônus milionário na Petrobras

Um artigo do site Agenda do Poder afirma que Roberto Castello Branco, presidente da Petrobras - demitido por Bolsonaro e que deixará o cargo no dia 20 - triplicou os chamados bônus por performance pagos à diretoria executiva e concedeu a si mesmo gratificação de até 13 vezes o seu salário. Não é bem assim.

O texto faz alusão a um documento apresentado pela Petrobras aos acionistas em março de 2020. Na época, a empresa propôs triplicar o teto do bônus, uma remuneração variável, para os seus diretores executivos, passando de R$ 3,3 milhões para R$ 12,5 milhões.

Esse aumento estava vinculado ao lucro recorde de R$ 40 bilhões da empresa em 2019, cifra que serviu de base para o cálculo do bônus no ano seguinte. O texto omite, no entanto, que essa não foi uma decisão unilateral de Castello Branco. Até passar a vigorar, ela teve que ser aprovada por outras três instâncias independentes.

A estrutura de governança da Petrobras prevê que propostas desse tipo precisam passar pelos crivos da Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), órgão vinculado ao Ministério da Economia, da Assembleia Geral dos Acionistas da empresa e do Conselho de Administração. Essas instâncias têm poder de veto, mas, nesta ocasião, todas chancelaram o aumento da gratificação.

Em nota, a Petrobras confirmou que o presidente e a diretoria não têm poder para, sozinhos, aumentarem suas remunerações, e que a mudança nos bônus foi avaliada e aprovada pela Sest, pela assembleia de acionistas e pelo conselho de administração.

Ainda segundo a empresa, o bônus de performance é uma remuneração variável sem garantia de recebimento, porque o pagamento depende do lucro líquido obtido pela empresa, além do cumprimento de metas pré-estabelecidas para cada empregado.

Outro lado. Procurado por e-mail, o site Agenda do Poder não respondeu.

Esta peça de desinformação também já foi checada pelo Estadão Verifica.

Referências:

1. Diário de Pernambuco
2. UOL (Fontes 1 e 2)
3. O Globo
4. Estadão Verifica


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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