🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Presidente da Petrobras não relacionou alta da gasolina a ação indenizatória nos EUA

Por Priscila Pacheco

16 de março de 2022, 19h04

Não é verdade que o presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, disse à rádio Jovem Pan em 9 de março que a alta no preço da gasolina se deve ao pagamento de uma ação indenizatória da empresa nos Estados Unidos, como afirmam publicações nas redes sociais (veja aqui). Silva e Luna não foi entrevistado pela emissora naquele dia, e Aos Fatos não encontrou registro de que ele tenha dado declaração semelhante.

As postagens enganosas contam com ao menos 20.277 compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (16). No Twitter, a desinformação foi retuitada pelo menos 3.675 vezes.


Selo falso

Gasolina está cara?? Ontem o Presidente da Petrobras foi na Jovem Pan: "Nós estamos terminando de pagar a ação indenizatória que o povo americano entrou na justiça pelos roubos da era Lula e Dilma na Petrobrás e fez a empresa quase falir!!"

Declaração falsa atribuída ao presidente da Petrobras

O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, não relacionou a atual escalada do preço da gasolina ao pagamento de uma ação indenizatória nos Estados Unidos durante entrevista à Jovem Pan no dia 9 de março. Aos Fatos não encontrou falas suas na TV, no site ou na rádio no dia indicado, e a última entrevista de Luna à emissora ocorreu em novembro do ano passado.

Apesar de ter sido questionado sobre o preço do combustível na ocasião, Silva e Luna não fez associação semelhante à citada nas postagens. A assessoria de imprensa da petroleira confirmou que as aspas usadas na peça desinformativa não correspondem ao que disse o presidente à época. Aos Fatos também não encontrou falas dele parecidas em entrevistas recentes a outros veículos.

Na última sexta-feira (11), entrou em vigor um reajuste de 18,8% no preço da gasolina no Brasil. No dia seguinte, a Petrobras publicou um vídeo em que justifica que o Brasil consome mais combustível do que produz e que, por isso, compra o produto de diversas empresas. A petroleira pontuou ainda que o aumento do preço do petróleo, matéria-prima da gasolina, tem impacto no mundo todo.

Ações nos EUA. A Petrobras firmou dois acordos nos Estados Unidos relacionados a casos de corrupção, ambos já quitados. Em janeiro de 2018, a empresa negociou o pagamento de US$ 2,95 bilhões (aproximadamente R$ 11 bilhões, na cotação da época) para encerrar uma ação coletiva movida por investidores que haviam se sentido enganados por desconhecerem suspeitas de corrupção na estatal.

Em outubro do ano passado, a empresa anunciou o pagamento da dívida de outro acordo, firmado em 2018 com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, de US$ 853,2 milhões (R$ 4,5 bilhões na cotação da época). Desse valor, 20% ficou com as autoridades americanas, e 80% deveria ser investido em programas sociais no Brasil.

Em 2021, quando o acordo foi finalizado, o lucro líquido da empresa foi de R$ 106,6 bilhões, valor quase 20 vezes maior do que a dívida paga – a citação falsa de Silva e Luna diz que as indenizações fizeram a Petrobras “quase falir”.

A postagem enganosa também foi checada pela Agência Lupa. Outra versão da desinformação, veiculada em janeiro, foi desmentida pelo Estadão Verifica.

Referência:

1. Jovem Pan (Fontes 1, 2 e 3)
2. G1 (Fontes 1, 2, 3 e 4)
3. Petrobras (Fontes 1, 2 e 3)
4. BBC Brasil


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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