🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Julho de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Presidente da Anvisa não disse que quem se vacinar corre risco sanitário grave

Por Luiz Fernando Menezes

30 de julho de 2021, 18h15

Não é verdade que o diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, disse que quem se vacinar contra a Covid-19 corre risco sanitário grave, como alegam postagens (veja aqui). As publicações tiram de contexto uma fala dele à CNN Brasil em fevereiro deste ano, quando criticou uma proposta de lei que liberava o uso de vacinas que não passaram pelo crivo do órgão regulador.

Os pedidos de checagem deste conteúdo foram enviados por leitores ao Aos Fatos pelo WhatsApp (Fale com a Fátima). Devido à natureza da plataforma, não é possível estimar o alcance da desinformação. No Facebook, postagens semelhantes reuniram centenas de compartilhamentos nesta sexta-feira (30) e receberam selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma (saiba como funciona).


Selo falso

QUEM SE VACINAR CORRE RISCO SANITÁRIO GRAVE ADMITE DIRETOR PRESIDENTE DA ANVISA... A AGÊNCIA BRASILEIRA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA.

Post no Instagram com alegação falsa mostra entrevista do presidente da Anvisa à CNN Brasil

Um trecho de uma entrevista do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, à CNN Brasil em fevereiro deste ano circulou nas redes sociais fora de contexto para atribuir a ele um alerta de que a vacinação contra a Covid-19 representaria risco sanitário grave.

Na verdade, durante sua fala, Torres apenas criticou trechos da MP n° 1003/2020, que permitia a aprovação de uso emergencial de vacinas sem análise da Anvisa. É a este aspecto específico da lei que ele se refere quando usa os termos “risco sanitário grave”.

Tanto a pergunta da apresentadora Luciana Barreto quanto a resposta de Barra Torres sobre esta particularidade da medida provisória foram editadas e retiradas de contexto para dar a entender que o tema abordado era o risco de ser vacinado.

A gravação que traz a entrevista completa, de cerca de 12 minutos, foi veiculada pela emissora no dia 10 de fevereiro. O diálogo entre Barra Torres e a apresentadora Luciana Barreto começa a 6 minutos e 44 segundos do vídeo. Confira a transcrição na íntegra:

Luciana Barreto: “Queria que o senhor explicasse, até para quem está nos vendo agora e para quem está nos ouvindo agora, tentando entender o que realmente está acontecendo. Todos nós desejamos a chegada da vacina, mais doses da vacina com mais celeridade, mas e o risco desse artigo 5º [da Medida Provisória] que o senhor falou agora, da retirada de autonomia da Anvisa. Na prática para a população, a gente corre algum risco?

Antonio Barra Torres: “Corre risco sanitário grave. Simples assim. Porque o fato de estar aprovado ou registrado em outro país não necessariamente autoriza o uso no Brasil sem riscos”.

Na época em que a MP foi enviada para sanção presidencial, a Anvisa se posicionou oficialmente contra o texto. Na nota, a agência reiterou o artigo mencionado por Torres na entrevista indicando que a medida provisória “pode contrariar o interesse público já que, na forma da redação final, haveria uma imposição para a aprovação das vacinas sem a prévia análise técnica de segurança, qualidade e eficácia. Ou seja, a norma retiraria o papel técnico de análise da Anvisa, delegando à agência uma função cartorial”.

O artigo acabou vetado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

A peça de desinformação também foi desmentida pelo Fato ou Fake e pela CNN Brasil.

Referências:

1. Congresso Nacional (Fontes 1 e 2)
2. CNN Brasil (Fontes 1 e 2)
3. Governo Federal


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