🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Janeiro de 2024. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Posts usam dado desatualizado para alegar que mortes de yanomamis cresceram 50% em 2023

Por Luiz Fernando Menezes

10 de janeiro de 2024, 14h10

Não é verdade que dados do Ministério da Saúde apontam para um crescimento de cerca de 50% no número de mortes de yanomamis em 2023 em comparação com o mesmo período de 2022. As peças de desinformação que fazem essa alegação e apontam que houve 209 óbitos no último ano do governo Bolsonaro (PL) se baseiam em um relatório que trazia dados preliminares, que compreendiam apenas o período de janeiro a setembro. De acordo com registros mais recentes, foram contabilizadas 343 mortes de yanomamis em 2022, e 309 entre janeiro e novembro de 2023.

A alegação enganosa tem viralizado em diversas redes e recebeu mais de 673 mil curtidas no Instagram e milhares de visualizações no Telegram até a tarde desta quarta-feira (10).


Selo falso

Número de mortes de Yanomamis cresce 50% no governo Lula.

Foto de Lula ao lado de indígena circula com legenda que questiona ‘cadê os defensores dos índios agora?’ e aponta alta de 50% no número de óbitos de yanomamis

São enganosas as publicações que afirmam que o Ministério da Saúde registrou 209 óbitos de yanomamis em 2022 e 308 no ano passado, o que resultaria em um aumento de 50% nos registros. A alegação falsa se baseia em dados desatualizados: houve, na verdade, 343 mortes de indígenas dessa etnia no último ano do governo Bolsonaro.

O dado referente a 2022 que tem sido usado pelas peças de desinformação foi retirado de um relatório produzido pelo Ministério da Saúde em janeiro do ano passado. Na página 73 do documento, consta a informação de que foram contabilizados 209 óbitos em 2022 e 249 em 2021. O relatório, no entanto, deixa claro que esses dois números eram preliminares e representavam o período de janeiro a setembro.

Tabela mostra mortes dos yanomamis em 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022; números dos últimos dois anos, no entanto, possuem um asterisco que remete a uma nota que explica que os dados não estavam consolidados
Desatualizados. Tabela divulgada em janeiro de 2023 deixava claro que os números referentes a 2021 e 2022 ainda não estavam consolidados (Reprodução/Ministério da Saúde)

Os dados mais atualizados foram publicados pelo Ministério da Saúde em nota divulgada no início deste ano. Segundo a pasta, foram registrados 343 óbitos de yanomamis em 2022 e 308 entre janeiro e novembro de 2023. O ministério afirma no texto que os dados referentes ao ano passado ainda não estão consolidados e podem aumentar.

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Vale ressaltar, no entanto, que relatos divulgados pela imprensa dão conta de que a situação da terra yanomami ainda é grave, mesmo após o governo federal ter decretado estado de emergência de saúde pública na região no início do ano passado. Ainda há a atuação de garimpeiros, houve uma alta nos casos de malária e crianças de até quatro anos respondem por grande parte dos óbitos registrados.

A Agência Lupa também publicou uma checagem sobre essa peça de desinformação.

Referências:

1. Ministério da Saúde (1, 2 e 3)
2. g1 (1 e 2)

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