🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Maio de 2022. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Lula não disse que beija homens e mulheres quando bebe e fica ‘mais ousado’

Por Priscila Pacheco

12 de maio de 2022, 18h39

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não disse que beija homens e mulheres quando bebe e fica “mais ousado”, como faz crer um vídeo nas redes sociais (veja aqui). A montagem mescla e inverte a ordem de duas falas do petista em momentos diferentes do seu discurso em 7 de abril de 2018, antes de ser preso. A declaração sobre bebida foi quando Lula citava a greve dos metalúrgicos de 1979, e a menção a beijos ocorreu em um agradecimento aos seus apoiadores, cerca de 35 minutos depois.

A peça desinformativa conta com ao menos 24.471 interações no TikTok e centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quinta-feira (12).


Selo falso

Porque agora tô beijando homem e mulher igualzinho. Não mistura mais. Porque quando a gente bebe um pouquinho, a gente fica mais ousado.

Vídeo que mistura trechos diferentes de discurso de Lula

Um vídeo que circula nas redes sociais mescla e inverte a ordem de duas falas do ex-presidente Lula (PT) para dar a impressão de que ele afirmou que beija homens e mulheres após beber e ficar “mais ousado”. Os trechos foram extraídos do discurso do petista em 7 de abril de 2018, em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, horas antes de ser preso.

A parte em que Lula diz a frase “quando a gente bebe um pouquinho, fica mais ousado” aparece a 16 minutos e 28 segundos no discurso, quando o ex-presidente cita a greve dos metalúrgicos de 1979. Confira o trecho na íntegra:

“Esse sindicato fez uma das greves mais extraordinárias. E nós conseguimos fazer um acordo com a indústria automobilística que foi, talvez, o melhor. E eu tinha uma comissão de fábrica com 300 trabalhadores. E o acordo era bom. E eu resolvi levar o acordo para a assembleia. E resolvi pedir para a comissão de fábrica ir mais cedo para conversar com a piãozada. E eu fazia assembleia de manhã para evitar que o pessoal bebesse um pouquinho à tarde. Porque quando a gente bebe um pouquinho, a gente fica mais ousado.”

Já a fala sobre beijar homens e mulheres aparece a 51 minutos e 26 segundos, próximo ao final do discurso:

“Quando eu pego na mão de um de vocês, quando eu abraço um de vocês, quando eu beijo, porque agora estou beijando homem e mulher igualzinho. Não mistura mais. Quando eu beijo um de vocês, eu não estou beijando com segundas intenções. Eu estou beijando porque quando eu era presidente eu dizia: eu vou voltar para onde eu vim e eu sei quem são meus amigos eternos e quem são os amigos virtuais”, disse.

Sátira. A origem das postagens é um vídeo de humor que intercala falas de Lula nos 54 minutos de discurso — como o momento em que ele chama o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), de “presidente” — com cenas de pessoas bêbadas. A trilha sonora inserida é uma canção chamada “Cachaceiro”, de Eduardo Costa.

A peça de dois minutos também engana ao insinuar que Lula teria dito que o problema do Brasil não era ele, mas o público. O vídeo corta o contexto da fala, no qual o ex-presidente afirma que suas ideias seriam disseminadas pelos seus apoiadores. Confira a íntegra:

“Eles vão descobrir pela primeira vez o que eu tenho dito todo dia. Eles não sabem, eles não sabem que o problema desse país não chama-se Lula. O problema desse país chama-se vocês, a consciência do povo, o Partido dos Trabalhadores, do PCdoB o MST, o MTST. Eles sabem que tem muita gente. E aquilo que a nossa pastora diz. E eu tenho dito que todo o discurso não adianta tentar evitar que eu ande por esse país. Porque tem milhões e milhões de Lula, de Boulos, de Manuela, de Dilma Rousseff para andar por mim”, argumentou.

Horas depois do discurso, Lula se entregou à PF (Polícia Federal), que o levou para a prisão em Curitiba (PR). Ele foi solto em novembro de 2019 e suas condenações foram anuladas em abril de 2021.

Referências:

1. G1 (Fontes 1, 2 e 3)
2. Rede TVT
3. Folha de S. Paulo
4. Poder 360


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Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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