Médico que defendeu ivermectina contra a Covid-19 não foi eleito ‘melhor cientista do mundo’

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Não é verdade que um médico brasileiro defensor da ivermectina como prevenção para a Covid-19 durante a pandemia foi premiado com o título de “melhor cientista do mundo” nos Estados Unidos. As peças distorcem uma premiação recebida pelo endocrinologista Flávio Cadegiani num evento de uma organização de médicos que defendem tratamentos sem comprovação científica. O título também não valida a ivermectina como tratamento.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam mais de 5.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook nesta quinta-feira (22). A desinformação também circula no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).

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Você já ouviu falar do Dr. Flávio Cadegiani? Ele foi escolhido em Phoenix, no Arizona, numa reunião, numa convenção dos maiores cientistas do mundo, cientistas europeus, da Ásia, inclusive cientistas chineses, como o melhor cientista dos últimos tempos. Ele é brasileiro. Ele publicou um estudo interessante. O estudo dele foi inclusive tratado como fake news aqui no Brasil (...) Ele publicou um estudo que revelou que a aplicação de Ivermectina em doses homeopáticas, ela serve como preventivo para a infecção da Covid-19.

Print mostra programa de TV onde desinformação foi veiculada

São enganosas as publicações virais nas redes que afirmam que um médico brasileiro defensor do uso profilático da ivermectina contra a Covid-19 foi eleito “o melhor cientista do mundo” por um grupo internacional de pesquisadores. As peças distorcem um prêmio recebido por Flávio Cadegiani neste mês:

  • O médico recebeu o prêmio “Excelência em Contribuições à Pesquisa” e não o título de melhor cientista ou pesquisador;
  • A premiação é organizada pela FLCCC (Frontline Covid-19 Critical Care Alliance), uma organização de médicos que defendem tratamentos alternativos para a Covid-19;

Diferentemente do que sugerem as publicações, portanto, Cadegiani não recebeu o prêmio de “melhor cientista do mundo”. O pesquisador brasileiro recebeu o título de “Excelência em Contribuições à Pesquisa” da FLCCC. Segundo a própria instituição, ele recebeu o prêmio por ter conduzido testes clínicos e estudos observacionais durante a pandemia “incluindo estudos que investigavam a efetividade da ivermectina como um tratamento profilático” da infecção.

A FLCCC é uma organização considerada “controversa” por cientistas por indicar tratamentos sem comprovação científica contra a Covid-19, como ivermectina, suplementação de vitaminas e até ingestão diária de café. Vale ressaltar que médicos ligados à organização já tiveram artigos removidos de publicações científicas.

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Cadegiani é um dos autores de um estudo realizado em Itajaí (SC) que circulou nas redes como se fosse uma prova de que a ivermectina funcionaria na prevenção da Covid-19. O estudo, feito de forma observacional, no entanto, não serve como prova científica da eficácia do medicamento e foi publicado em uma revista com pouca credibilidade.

Até o momento, não existem evidências científicas de que a ivermectina funcione, seja como prevenção, seja como tratamento, contra a Covid-19. O medicamento não é recomendado por órgãos como o NIH (National Institute of Health) e o Ministério da Saúde.

O médico também organizou o estudo que investigou a proxalutamida como um possível tratamento da infecção e acabou com a morte de cerca de 200 pacientes. A pesquisa foi acusada de irregularidades pelo CNS (Conselho Nacional de Saúde), foi despublicada após as críticas e fez com que o médico fosse indiciado pela CPI da Covid-19. O estudo também é alvo de investigação da PF.

Em nota enviada ao Aos Fatos, a assessoria de Cadegiani disse que o endocrinologista foi inocentado nos processos abertos no Cremers (Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul) e no Cremam (Conselho Regional de Medicina do Amazonas): “Concluíram pela total regularidade da conduta do pesquisador e que o estudo fora, sim, autorizado. Ainda constatou-se que a condução dos ensaios estava de acordo com os princípios éticos e com a legislação vigente no país”.

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