É falso que governo Lula importará ‘arroz de plástico’ fabricado na China

Por Marco Faustino

22 de maio de 2024, 17h37

Não é verdade que o governo Lula decidiu importar um arroz sintético chinês, “feito de plástico”, para suprir a demanda do mercado brasileiro após perdas na safra do Rio Grande do Sul. O vídeo compartilhado pelas peças de desinformação mostra um alimento em formato de arroz composto de farinhas de diversos cereais, e não de plástico. O Executivo federal anunciou a compra de até 1 milhão de toneladas de grãos de arroz naturais, e não sintéticos.

As publicações que compartilham o vídeo com o contexto enganoso acumulavam centenas de compartilhamentos e curtidas no Facebook e no Instagram até a tarde desta quarta-feira (22). As peças de desinformação circulam também no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).

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Selo falso

Veja só: aí está a fábrica de arroz que o "Nove Dedos" quer empurrar, goela abaixo, no povo brasileiro… Viu? O tal arroz não é plantado, é fabricado na China. Será que este arroz virá com uma nova cepa, paramatar mais gente? Fique ligado... ARROZ SINTÉTICO, É UM PLÁSTICO, TRANSGÊNICO E MODIFICADO GENETICAMENTE? COM CERTEZA NÃO!!!

Vídeo difundido nas redes mostra produção de grãos de arroz a partir de farinhas de cereais, e não de plástico; governo não prevê a importação desse tipo de grão para suprir o mercado interno

Um vídeo que mostra uma fábrica na China produzindo grãos similares ao arroz tem sido compartilhado nas redes para afirmar que o governo Lula teria decidido importar um alimento feito de plástico para suprir a demanda do mercado brasileiro. Os posts partem de duas premissas falsas:

  • O produto que aparece no vídeo não é feito de plástico, e sim da mistura de farinhas de diversos grãos;
  • O leilão anunciado pelo governo prevê a importação de arroz em grãos naturais do tipo 1, o que exclui o grão exibido no vídeo.

A filmagem usada pelos posts enganosos registra a fabricação de grãos de arroz sintéticos por meio de uma mistura de grãos naturais quebrados com farinhas de milho, de soja e de trigo. Não há qualquer evidência de que haja plástico no alimento.

Os equipamentos usados na produção do arroz são fabricados pela empresa chinesa Sunpring. Em sua página oficial, a marca alega que o objetivo é aproveitar grãos quebrados para evitar o desperdício e aumentar a margem de lucro do produtor.

Diferentemente do que alegam os posts enganosos, a compra desse tipo de produto sintético não está prevista no leilão anunciado pelo governo federal para garantir o abastecimento de arroz por conta das enchentes no Rio Grande do Sul. O insumo listado no aviso de compra é o arroz beneficiado, polido, longo fino, tipo um, da safra 2023/2024.

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Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária, o arroz beneficiado é o grão maduro proveniente da espécie Oryza sativa L, o que exclui o arroz artificial fabricado à base de farinha de cereais. Já a classificação do grão se dá em uma escala que vai de um a cinco; o grau um é o que tem menor quantidade de grãos defeituosos.

Previsto para a última terça-feira, o leilão anunciado pelo governo foi suspenso por tempo indeterminado. No mesmo dia, foi publicado no Diário Oficial da União uma resolução que zera até o fim do ano a Tarifa Externa Comum para três tipos de arroz de países que não integram o Mercosul. A medida não vale para o alimento que aparece sendo produzido no vídeo compartilhado pelas peças enganosas.

O anúncio de importação pelo governo gerou críticas de produtores gaúchos, pois eles alegam que, mesmo com as perdas causadas pelas enchentes, a produção nacional é suficiente para atender a demanda interna. O Rio Grande do Sul é o maior produtor do alimento no país.

Referências:

1. Sunpring
2. Agência Brasil
3. Ministério da Agricultura e Pecuária (Fontes 1 e 2)
4. O Globo
5. Imprensa Nacional
6. Globo Rural

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