🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2024. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vídeo editado de Drauzio Varella desinforma ao afirmar que vacina contra dengue causa câncer

Por Luiz Fernando Menezes

2 de fevereiro de 2024, 15h22

São falsas as afirmações que têm sido compartilhadas junto de um vídeo editado do médico Dráuzio Varella sobre a QDenga, vacina contra a dengue incorporada ao SUS (Sistema Único de Saúde) em dezembro de 2023. Diferentemente do que afirmam as peças, o imunizante não causa câncer, não altera o DNA humano e também não é fruto de transgenia. Os estudos clínicos da vacina provaram sua segurança e eficácia e os resultados foram atestados pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 5.000 curtidas no Instagram e centenas de compartilhamentos no Facebook até a tarde desta sexta-feira (2). As peças também circulam no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).

Leia mais
WHATSAPP Inscreva-se no nosso canal e receba as nossas checagens e reportagens

Selo falso

A vacina da dengue é transgênica, altera o DNA e causa câncer.

Vídeo de Drauzio Varella circula junto de legenda enganosas que sugerem que vacina contra dengue não seria segura

Publicações nas redes têm compartilhado um vídeo editado no qual o médico Drauzio Varella explica como funciona a vacina contra a dengue que passou a ser disponibilizada no Brasil. O vídeo editado sugere que o imunizante causaria câncer, alteraria o DNA humano e seria transgênico. Nada disso é verdade. O próprio Drauzio Varella já afirmou que a vacina é segura e recomendou que as pessoas busquem a imunização.

As peças editam um vídeo do médico sobre a QDenga (veja abaixo) e retiram justamente os trechos em que ele afirma que o imunizante é seguro e protege as pessoas da infecção: “Testada, é segura e deve ser usada na vacinação”, afirma ele no final da gravação — que foi excluído das peças de desinformação.

No portal oficial do médico também há um texto que explica que a QDenga é segura, uma vez que os resultados apresentados nos estudos foram atestados pela Anvisa. Além disso, não houve, nos testes clínicos do imunizante, qualquer registro de que a vacina tenha causado câncer nos pacientes.

Outra desinformação difundida pelas peças é a de que a vacina “alteraria o DNA humano”. Essa alegação enganosa, que já circulou nas redes em publicações sobre o imunizante contra a Covid-19, também não se sustenta: a QDenga é uma vacina que usa a tecnologia do vírus atenuado — uma parte do vírus que causa a dengue é injetado no ser humano —, material que não é capaz de alterar o DNA humano.

Por fim, também é falsa a afirmação de que a vacina da dengue seria transgênica. Conforme explicou ao Aos Fatos a doutora em biociências Laura Marise, comunicadora do canal Nunca Vi 1 Cientista, a tecnologia do DNA recombinante presente nos imunizantes nada tem a ver com transgenia, nome do processo pelo qual um pedaço de DNA que garante determinada característica de um organismo é passado para outro organismo.

“Já na vacina, o que acontece é que um pedaço de DNA modificado para ter as quatro cepas do vírus da dengue é entregue em uma bolsinha de lipídios”, afirma Freitas. Isso, portanto, não configura transgenia porque não houve organismos modificados no processo.

Leia mais
Explicamos Para que serve e quem pode tomar a vacina contra a dengue

Quem pode tomar a vacina? A QDenga pode ser usada em qualquer pessoa de 4 a 60 anos de idade, mesmo que ela já tenha tido dengue alguma vez na vida. O esquema vacinal é de duas doses.

A QDenga foi incorporada ao SUS em 2023. No mês passado, o governo federal anunciou que haveria uma campanha nacional de vacinação para aplicar o imunizante. Como se trata de um produto novo, a farmacêutica disponibilizou um número restrito de doses e, por isso, a estratégia inicial será a vacinação de crianças e adolescentes em cidades (confira aqui a lista de municípios) com maior prevalência da doença. A Prefeitura de Dourados (MS) também fez uma parceria com a farmacêutica Takeda, laboratório responsável pela QDenga, para imunizar cerca de 150 mil moradores.

É possível, no entanto, conseguir doses no setor privado. Segundo levantamento da Folha de S.Paulo, o preço de cada uma das doses varia entre R$ 400 e R$ 500.

Referências:

1. Drauzio Varella
2. Aos Fatos
3. CDC
4. Ministério da Saúde (1 e 2)
5. Folha de S.Paulo (1 e 2)

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.