🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que delegado da PF sofreu atentado em SP e culpou Lula e o PCC

Por Marco Faustino

12 de abril de 2023, 12h49

Não é verdade que o delegado da Polícia Federal Rodrigo Bartolomei foi vítima de um atentado em São Paulo e atribuiu a ação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à facção criminosa PCC. A PF e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo desmentiram as alegações. O delegado também não pediu pela prisão do presidente ou interceptou chamada telefônica que comprova um elo entre o petista e o crime organizado.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 10 mil compartilhamentos no Facebook nesta quarta-feira (12) e circulam também na plataforma de vídeos curtos Kwai.


Selo falso

O delegado da PF Rodrigo Bartolomei sofreu uma tentativa de assassinato enquanto estava a caminho do MP de São Paulo (...) Isso se trata de um grupo especializado do PCC, de acordo com a PF (...) após [Bartolomei] ter descoberto que o PCC estaria lavando dinheiro para o PT de Lula que recebeu e comprou imóveis com dinheiro ilícito

Posts enganam ao afirmar que delegado da PF sofreu um atentado em SP por parte do PCC após descobrir ligações de Lula com a facção criminosa, o que não ocorreu

Posts nas redes enganam ao afirmar que o delegado da PF Rodrigo Bartolomei sofreu uma tentativa de atentado em São Paulo e responsabilizou o presidente Lula e a facção criminosa PCC pela ação. Tanto a PF quanto a Secretaria de Segurança Pública estadual negaram ao Aos Fatos que o delegado tenha sido vítima de qualquer ataque. As peças de desinformação afirmam ainda que a emboscada teria ocorrido após o delegado pedir a prisão do presidente e interceptar ligações telefônicas que comprovam sua ligação com o crime organizado, o que também não ocorreu.

Em busca em órgãos oficiais e veículos de imprensa, Aos Fatos também não encontrou qualquer indício de que Bartolomei tenha descoberto uma ligação entre Lula e o PCC ou que tenha sido vítima de um ataque perpetrado pela facção criminosa.

De acordo com as peças, a motivação do suposto ataque seria uma investigação conduzida pelo delegado, que teria descoberto, ao grampear o telefone do presidente, que o PCC estaria lavando dinheiro para o PT a pedido de Lula. Isso teria motivado, de acordo com as publicações enganosas, o envio de um ofício ao TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) que pedia pela prisão do petista. Questionada, a PF negou que essas ações tenham ocorrido.

Bartolomei também não pediu o indiciamento de Lula por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, propinas e subornos relacionados ao PCC em setembro do ano passado. Peças desinformativas dão conta de uma suposta ação que tramitaria no STF em sigilo, a pedido do ministro Alexandre de Moraes. Em nota, o tribunal negou a existência de qualquer processo com esse teor. Questionado pelo Aos Fatos, o MPF (Ministério Público Federal) localizou duas denúncias oferecidas contra o presidente pelo órgão em 2018 e 2019. Nenhuma delas tem relação com facções criminosas.

Ligação com o crime. Essa peça de desinformação se soma a uma série de outras publicações enganosas que viralizaram desde a campanha eleitoral para sugerir que Lula teria algum tipo de ligação com o crime organizado. Em checagens anteriores, o Aos Fatos desmentiu que Lula teria visitado Marcola, chefe do PCC, na prisão após vencer a eleição, e que teria sido fotografado ao lado de traficantes.

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Uma foto em que o presidente aparece usando um boné com a sigla CPX — abreviatura da palavra “complexo”, que designa as comunidades cariocas — também viralizou durante as eleições como suposta prova de que o petista tinha ligação com o crime.

No início deste ano, fotos da visita do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, foram usadas para alimentar mais uma vez a falsa teoria de que o governo teria relação com os traficantes.

Referências:

1. MPF (Fontes 1 e 2)
2. Aos Fatos (Fontes 1, 2, 3, 4 e 5)

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