Não é verdade que Adélio Bispo de Oliveira, autor do atentado a faca contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Juiz de Fora (MG), em 2018, confessou recentemente ter agido por ordem de políticos do PT, do PSOL e do MDB. As publicações que fazem essa alegação enganosa compartilham um trecho de um depoimento prestado por Bispo em 2020 no qual não é citado nenhum mandante. Todas as investigações da PF (Polícia Federal) concluíram que o agressor agiu sozinho.
A peça de desinformação acumulava ao menos 5.000 compartilhamentos no Facebook e 2.000 curtidas no Instagram até a tarde desta quarta-feira (20). O conteúdo também circula no Telegram e no WhatsApp (fale com a Fátima).
Facada no Jair Bolsonaro. Já sabíamos, mas precisava da confissão desse vagagund@. Quem mandou matar: PT José Dirceu, Gleisi Hoffmann. Quem organizou: PSOL, Manuela D’Ávila. Quem indicou Adélio: MDB, ex-deputado federal Glauber Rocha.
São mentirosas as publicações que afirmam que Adélio Bispo teria confessado que políticos do PT, do PSOL e do MDB estariam envolvidos no atentado que vitimou Bolsonaro em Juiz de Fora (MG). Como suposta prova da alegação, as peças de desinformação compartilham um trecho de um depoimento antigo do agressor à PF, disponibilizado pela Veja em novembro de 2020. Em nenhum momento da fala, no entanto, Bispo faz qualquer acusação semelhante à que aparece nas publicações virais.
O agressor, na verdade, diz que quis matar Bolsonaro porque ele seria um “impostor”, que fingia ser um homem de Deus para tentar angariar votos. O único outro político citado no depoimento é o ex-presidente Michel Temer (MDB), que Bispo diz já ter tido “interesse” em assassinar.
Não há atualizações sobre o caso no site da PF, e a DPU (Defensoria Pública da União), responsável pela defesa de Bispo, também disse ao Aos Fatos na semana passada que desconhece qualquer movimentação recente.
Desde que Bispo foi preso, em setembro de 2018, publicações nas redes tentam sugerir que o PT teria alguma relação com o atentado. O caso chegou a ser investigado em dois inquéritos pela PF, que não encontrou indícios de que o crime tenha sido encomendado. Considerado inimputável pela Justiça por ser portador de transtorno delirante persistente, o agressor foi condenado a internação por tempo indeterminado.
Em novembro de 2021, foi aberto um inquérito para apurar se Bispo teria recebido auxílio financeiro para executar o atentado, mas não há atualizações sobre o caso.
O UOL Confere também publicou uma checagem sobre o assunto.