Não é real a foto que mostra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perseguido por policiais em um protesto na década de 1960, como alegam publicações nas redes sociais (veja aqui). O rosto do petista foi inserido digitalmente sobre uma imagem do fotógrafo Evandro Teixeira que registra o espancamento de um estudante de medicina durante uma passeata contra a ditadura militar, em junho de 1968, no Rio de Janeiro.
Postagens recentes com a montagem acumulavam mais de 40 mil compartilhamentos no Facebook nesta terça-feira (30).
É uma montagem a foto em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tropeça ao ser perseguido por dois policiais. A original, registrada pelo fotógrafo Evandro Teixeira e publicada em 22 de junho de 1968 no Jornal do Brasil, mostra um estudante de medicina que foi espancado pela polícia durante um protesto contra a ditadura militar no Rio de Janeiro. O rosto do petista foi inserido digitalmente sobre o do manifestante.
A forte repressão policial ao protesto realizado naquele dia pelo movimento estudantil fez a data ficar conhecida na época como a “Sexta-feira sangrenta”. De acordo com relato de Texeira à Folha de S.Paulo, "o rapaz [da foto] levou uma bordoada tão violenta que se desequilibrou e caiu, batendo a cabeça no meio-fio".
Assim que os policiais perceberam que Teixeira registrava a cena, partiram para cima do fotógrafo, que correu e conseguiu escapar. Por isso, não se sabe o destino do manifestante, que não teve o nome divulgado. Acredita-se que ele foi um dos 28 mortos naquele dia.
Aos Fatos não encontrou registro de que Lula participou da manifestação. Naquela época, o petista trabalhava na Metalúrgica Villares, em São Bernardo do Campo (SP).
Uma versão da foto com melhor resolução pode ser encontrada no artigo do Memorial da Democracia sobre a repressão ao protesto de 21 de junho de 1968 (veja abaixo). A comparação entre a imagem original e a das peças de desinformação evidencia que o rosto de Lula foi inserido na foto por meio de edição.
O Fato ou Fake desmentiu a publicação em 2018 e a Agência Lupa também checou a falsa alegação em 2019.
Aos Fatos integra o Third-Party Fact-Checking Partners, o programa
de verificação de fatos da Meta. Veja aqui como funciona a parceria.