🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Setembro de 2020. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

É falso que base de dados mostra que kits de testes para Covid-19 eram comprados desde 2017

Por Luiz Fernando Menezes

9 de setembro de 2020, 18h02

Não é verdade que a base de dados WITS (World Integrated Trade Solution), gerida pelo Banco Mundial, mostra que os kits de testes para Covid-19 já vinham sendo adquiridos desde 2017 (veja aqui). Em abril deste ano, a plataforma passou a reunir itens médicos considerados relevantes diante da pandemia, como alguns reagentes usados em exames, com a nomenclatura “kits de testes para Covid-19". O objetivo era auxiliar o monitoramento das aquisições desses insumos, mas gerou confusão, já que compras feitas antes da circulação do novo coronavírus passaram a ser classificadas com o nome da doença.

Diante da interpretação equivocada que a nova nomenclatura causou, nesta segunda-feira (7), o WITS, que expõe dados do comércio internacional de mercadorias, voltou atrás. Além de reclassificar os produtos como “kits de testes médicos”, a ferramenta passou a sinalizar os itens indicados na categoria cuja compra foi anterior à pandemia.

A peça de desinformação, que circulou antes em língua inglesa, passou a ser compartilhada nas redes brasileiras nesta semana. No Facebook, ela reunia mais de 900 compartilhamentos até a tarde desta quarta-feira (9). Todas as publicações foram marcadas com o selo FALSO na ferramenta de verificação da rede social (entenda como funciona).


FALSO

A MAIOR FRAUDE DO SÉCULO, OU A GRANDE CONSPIRAÇÃO GLOBALISTA A NÍVEL MUNDIAL! Desde quando é que, alguma vez, foram necessários "kits de testes" para averiguar se alguém está constipado ou com gripe??? Em 2017 e em 2018 foram exportados, para todo o mundo, milhões de kits de exames médicos (300215) para combater o COVID-19 que só surgiria em Dezembro de 2019 em Wuhan!

Publicações nas redes sociais compartilham prints da base de dados WITS (World Integrated Trade Solution), gerida pelo Banco Mundial, para alegar que kits médicos de testagem de Covid-19 já vinham sendo comercializados entre os países desde 2017, o que provaria que a pandemia seria uma farsa. Mas isso não é verdade: houve uma confusão causada por uma atualização feita na nomenclatura da base de dados no início da pandemia de Covid-19.

No dia 9 de abril, o WITS, que traz dados do comércio internacional de mercadorias, atualizou algumas de suas classificações para auxiliar o monitoramento de exportações de insumos médicos relacionados à Covid-19. Alguns produtos, como reagentes usados em diagnósticos, que eram indicados com os códigos 3822.00 e 3002.15, foram renomeados como “kits de testes de Covid-19” na plataforma. Dessa maneira, compras desses insumos feitas anteriormente passaram a ter a indicação da infecção mesmo sem ter relação com a pandemia.

Após a viralização das peças de desinformação nos Estados Unidos nas últimas semanas, o WITS voltou atrás em sua classificação. No dia 7 de setembro, os produtos antes classificados como “kits de testes para Covid-19” passaram a ser chamados novamente de “kits de testes médicos”, como pode ser verificado aqui e aqui. Também foi incluído nessas bases de dados um aviso de que “Os dados aqui rastreiam dispositivos médicos previamente existentes que agora são classificados pela Organização Mundial das Alfândegas como essenciais para combater a Covid-19”.

Em nota publicada no dia 8 de setembro, o Banco Mundial explicou os motivos das mudanças e desmentiu as peças de desinformação: " à luz de interpretações errôneas que ocorreram nos últimos dias, a rotulagem no site WITS foi atualizada para refletir a realidade: os testes da Covid-19 não existiam antes de 2020".

A mesma peça de desinformação circulou em língua inglesa antes de ser compartilhada no Brasil e foi desmentida pelas equipes do Full Fact e Reuters.

Referências:

1. WCOOMD
2. WITS (Fontes 1 e 2)


De acordo com nossos esforços para alcançar mais pessoas com informação verificada, Aos Fatos libera esta reportagem para livre republicação com atribuição de crédito e link para este site.

Esta checagem foi atualizada às 11h55 do dia 10 de setembro de 2020 para acrescentar a nota do Banco Mundial.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

Topo

Usamos cookies e tecnologias semelhantes de acordo com a nossa Política de Privacidade. Ao continuar navegando, você concordará com estas condições.