🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Abril de 2021. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Dr. Jairinho não processou vereador do PSOL por chamar Bolsonaro de miliciano

Por Luiz Fernando Menezes

9 de abril de 2021, 18h48

É falso que o vereador Dr. Jairinho (sem partido), preso nesta quinta-feira (8) por suspeita de torturar e assassinar seu enteado, processou o colega Leonel Brizola Neto (PSOL) por ter chamado o presidente Jair Bolsonaro de miliciano na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, como alegam postagens nas redes (veja aqui). Na verdade, quem abriu uma representação no conselho de ética da casa foi o vereador Marcello Siciliano (PP) após o psolista erguer cartazes com os dizeres "fora milícia" em uma sessão no ano passado. Já o protesto não foi direcionado ao presidente, mas sim contra o então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), de acordo com Brizola Neto.

Além de postagens no Facebook, a informação enganosa aparece em textos de sites como o DCM, que, juntos, acumulavam ao menos 7.000 compartilhamentos na rede social nesta sexta-feira (9). Os conteúdos foram marcados com o selo FALSO na ferramenta de verificação da plataforma (veja como funciona).


Preso pelo assassinato de enteado de 4 anos, Jairinho quis processar vereador que criticou Jair Bolsonaro. Bolsonarista vereador Dr. Jairinho abriu processo no Conselho de Ética contra Leonel Brizola Neto por chamar presidente de miliciano



Um dia após a prisão do vereador carioca Dr. Jairinho por suspeita de ter torturado e assassinado seu enteado de quatro anos, passaram a circular nas redes sociais postagens que sustentam que o parlamentar já processou um colega de Câmara Municipal que chamou o presidente Jair Bolsonaro de “miliciano”. Na verdade, o que há é uma representação no conselho de ética da casa aberta por Marcello Siciliano (PP) contra Leonel Brizola Neto (PSOL), que, em sessão em setembro do ano passado, ergueu cartazes com os dizeres “Fora, Milícia!”.

Na ocasião, Siciliano disse ter entendido que era o alvo do protesto, já que o cartaz foi erguido enquanto ele discursava na tribuna. Porém, segundo Brizola Neto, a mensagem era destinada ao então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), cujo pedido de impeachment era discutido naquela sessão.

Na íntegra da discussão, é possível observar que, em dado momento, o vereador Thiago K. Ribeiro (DEM) questiona a atitude de Brizola Neto e ele responde que “os cartazes eram direcionados ao Crivella e à situação política, não a nenhum vereador”.

Mesmo assim, Siciliano convocou colegas a apoiá-lo em uma representação contra o psolista. O ofício foi protocolado no dia 25 daquele mês após vinte e um vereadores, incluindo Dr. Jairinho - que era líder do governo Crivella na época -, assinarem o pedido. Siciliano argumenta no pedido que os cartazes configurariam difamação e injúria.

Como Brizola Neto e Siciliano não conseguiram se reeleger no ano passado para um novo mandato na Câmara Municipal, o processo não chegou a ser concluído. Procurada por Aos Fatos, a assessoria da casa não respondeu sobre eventuais atualizações do caso até a publicação desta checagem, na tarde desta sexta-feira (9).

O caso. O vereador Dr. Jairinho e sua namorada, Monique Medeiros, foram presos na manhã da última quinta-feira (8) por suspeita de terem participado do assassinato de Henry Borel, filho de quatro anos de Medeiros. Os investigadores acreditam que o vereador teria torturado e matado o garoto e que a mãe tinha conhecimento de tudo, mas não denunciou a violência à polícia. Tanto o vereador quanto Medeiros negam envolvimento com a morte.

Outro lado. No final da tarde de sexta-feira (9), o DCM respondeu o pedido do Aos Fatos para que comentasse a peça de desinformação. Segundo nota, o texto apenas reporta o tuíte do ex-vereador Brizola Neto. O veículo afirmou também que estava aguardando resposta do psolista sobre o conteúdo da declaração. Em algum momento do final de semana, no entanto, a matéria foi excluída do site.

Referências:

1. Extra
2. Câmara Municipal do RJ (Fontes 1 e 2)
3. G1 (Fontes 1 e 2)


Esta checagem foi atualizada às 10h45 do dia 12 de abril de 2021 para acrescentar a nota com comentários do DCM.


Esta reportagem foi publicada de acordo com a metodologia anterior do Aos Fatos.

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