Não é verdade que todos os produtos com números de códigos de barras iniciados em 789 são fabricados no Brasil, como alegam postagens que estimulam boicote a itens importados da China (veja aqui). Esta sequência numérica, na realidade, não informa a origem da mercadoria, mas que ela foi registrada no país. O prefixo faz parte do GTIN (Número Global de Item Comercial), uma espécie de carteira de identidade do produto.
Postagens com a informação falsa reuniam ao menos 17 mil compartilhamentos no Facebook nesta sexta-feira (17).
Boicote todos os produtos chineses!!! O código de barras brasileiro começa por 789. Olhem no código de barras. Se começar com n° 789, comprem!!! Se não, não comprem!!!
Ao defender o boicote de produtos chineses, as postagens checadas orientam a compra apenas de itens com o número do código de barras iniciado em 789, que sinalizaria fabricação nacional, mas isso não procede. Esta sequência numérica indica apenas que a mercadoria foi registrada no Brasil, o que pode incluir as importadas.
Além do 789, os produtos registrados no país também podem trazer a sequência 790 no início do código de barras de 13 dígitos, conforme o padrão da GS1, entidade responsável pela atribuição dessas informações em 150 países. Já um item registrado na China, por exemplo, receberá uma sequência inicial entre 690 e 699.
Ou seja, um item fabricado na China que for exportado para o Brasil pode ser comercializado no mercado nacional com os prefixos 789 e 790, caso tenham sido registrados no GS1 daqui pela empresa importadora. Da mesma forma, um produto made in Brazil pode receber as sequências de 690 a 699 ao ser registrado na China.
Os prefixos fazem parte de uma sequência maior, a GTIN (Número Global de Item Comercial), uma espécie de carteira de identidade do produto, que sinaliza informações, como cor, tamanho, peso e a empresa que o registrou. A mais usada no Brasil é a GTIN-13/EAN-13 (veja abaixo).
Estrutura. Imagem mostra a estrutura do código de barras EAN-13/GTIN-13
O registro de código de barras na GS1 Brasil é necessário quando um produto é exportado ou comercializado por empresas que exigem esse padrão para que a mercadoria seja corretamente identificada, estocada, distribuída e vendida. As exceções são livros, revistas, jornais e medicamentos de uso controlado, que têm identificações próprias.
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