Região que concentra o maior número de eleitores no Rio, a zona norte foi a área mais visitada pelos candidatos a prefeito da capital fluminense no primeiro turno do processo eleitoral. Os três candidatos que aparecem na ponta das pesquisas de intenção de voto: Marcelo Crivella (PRB), Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL) foram os que mais priorizaram agendas de campanha na região.
Levantamento realizado por Aos Fatos mostra que 37,8% dos compromissos públicos dos candidatos ocorreram nos 91 bairros da zona norte do Rio. Esse percentual corresponde a 151 atividades realizadas nessa área da cidade.
Os dados foram compilados por Aos Fatos a partir das agendas divulgadas pelas coordenações de campanha entre os dias 24 de agosto e 28 de setembro.
Ao todo, foram 399 panfletagens, encontros e comícios realizados pelos postulantes ao cargo de prefeito. Caminhadas e carreatas, que saem de um local e vão para outro, foram contabilizadas pelo ponto de partida da atividade de campanha.
Os três melhores colocados nas pesquisas priorizaram as atividades na zona norte da cidade. Na agenda de Marcelo Crivella, 51,5% dos compromissos foram nessa região. Já Pedro Paulo teve exatos 50% e Marcelo Freixo, 48,4% dos eventos de campanha na mesma área. Os dois primeiros candidatos, de acordo com Datafolha e Ibope, têm mantido trajetórias ascendentes nas pesquisas de intenção de voto.
A prioridade é explicada pela quantidade de eleitores que vivem na zona norte. De acordo com dados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral), 2,3 milhões de pessoas aptas a votar no Rio moram na região, o que corresponde a 47,4% do total de 4,8 milhões de eleitores do município.
A zona oeste possui 1,8 milhão de eleitores e é a segunda região do município com maior número de votantes. Somadas, as duas áreas concentram 55% das atividades de campanha no primeiro turno.
Veja, no mapa abaixo, a distribuição de compromissos de campanha por candidato. Clique nos ícones para saber a qual candidato o evento se refere.
Reversão em votos. O candidato com mais atividade de campanha, no primeiro turno, foi Carlos Osorio (PSDB), com 106 compromissos, sendo 40 deles na zona norte. No entanto, ele foi o candidato que mais fez campanha na zona sul, a mais rica da cidade, onde esteve 33 vezes.
A agenda atribulada reverteu em crescimento nas pesquisas. Osorio tinha 3% das intenções de voto no levantamento Datafolha realizada nos dias 23 e 24 de agosto. O candidato oscilou três pontos percentuais e passou para 6% na sondagem do eleitorado feita em 26 de setembro.
“Comparativamente, a zona norte da cidade é mais populosa, por isso a necessidade de um número maior de encontros. Mas a estratégia foi estar presente em todas as regiões”, disse Osorio, por meio de sua assessoria. “Além de agendas públicas, tivemos reuniões domiciliares, caminhadas, reuniões com moradores, associações, etc”, acrescentou.
Embora a zona norte tenham sido mais frequentada pelos candidatos, o bairro onde eles mais estiveram durante a campanha foi o Centro, com 82 visitas. Na região central, ocorreram principalmente encontros com entidades como federações, sindicatos e associações classistas, que possuem escritórios no local.
Freixo teve a maior parte de sua agenda no Centro, onde ocorreram 18 atividades. O candidato não comentou sobre as escolhas de locais para fazer campanha, mas sua assessoria informou que há “agendas a mais na zona oeste, que não puderam ser divulgadas por questão de segurança”. “Visitamos muito mais a zona oeste do que os seus números apontam. Apenas não divulgamos por questões de segurança — desde que fui presidente da CPI das Milícias preciso me preservar”, disse ainda o candidato a Aos Fatos.
O bairro onde Crivella mais esteve foi Campo Grande, na zona oeste: quatro vezes. Pedro Paulo, por sua vez, foi três vezes para Madureira, na zona norte.
"Caso seja eleito prefeito do Rio, irei governar e dialogar com todos. Ao longo da campanha, fui a todas regiões e cantos da cidade”, afirmou Pedro Paulo, por meio de sua assessoria de imprensa.
“Meu programa de governo prevê investimentos de R$ 33,4 bilhões, sendo 70% voltados para as regiões da cidade que mais necessitam do poder público", acrescentou.
Já o candidato Indio da Costa (PSD) afirmou, por meio de sua assessoria, que sua "campanha sem recursos e de pouco tempo obrigou o candidato a definir uma estratégia de atuação, que oferecesse mais resultado com pouco investimento de dinheiro e tempo". Na pré-campanha, conforme relatou sua assessoria, a estratégia foi concentrar a presença física do candidato nas regiões onde ele era menos conhecido. Na campanha, onde seria mais fácil e rápido multiplicar os votos. "Funcionou", disse.
Veja o levantamento completo, bairro a bairro, região por região.