🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Março de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Sem Bolsonaro, celebração de golpe de 1964 no WhatsApp cai pela metade

Por Bianca Bortolon, Ethel Rudnitzki, João Barbosa e Milena Mangabeira

31 de março de 2023, 18h39

Agora proibido de ser celebrado nos quartéis, o aniversário do golpe militar de 1964 perdeu apoio nas redes sociais neste ano. Correntes de WhatsApp convocando manifestações e textos homenageando o 31 de Março — data do movimento que implantou uma ditadura civil-militar no país — caíram pela metade na comparação com o ano passado.

  • Em 2022, o Radar Aos Fatos identificou 209 correntes, compartilhadas 351 vezes em grupos monitorados;
  • Neste ano, o número caiu para 85 mensagens e 182 compartilhamentos;
  • A amostra diz respeito a mensagens enviadas entre os dias 1º e 31 de março nos anos de 2022 e 2023 em 358 grupos públicos de política no WhatsApp.

A principal diferença entre um ano e outro, e que ajuda a explicar a perda de popularidade do aniversário do golpe, foi a saída de Jair Bolsonaro (PL) do poder. Em seu mandato, o ex-capitão do Exército promoveu um esforço de revisionismo histórico, enaltecendo o período do regime militar.

Mas não é apenas o fim do incentivo à celebração do golpe de 1964 que explica a queda da popularidade do tema. Como o Aos Fatos revelou em janeiro, as Forças Armadas brasileiras passaram a ser alvo de críticas de grupos radicalizados de direita por não terem atendido a clamores golpistas após a vitória de Lula (PT).

Em 2022, a mensagem mais viral sobre o aniversário do golpe era a convocação para uma mobilização em todas as capitais do país na data. “A pauta do 31 de Março é de A Criminalização do Comunismo e a Destituição dos Ministros infratores do STF. Essa exigência da parte da maioria dos brasileiros se dá ao fato dos inúmeros crimes cometidos por membros desta corte”, dizia mensagem que circulou mais de 47 vezes.

Neste ano, textos esparsos chegaram a convocar para manifestações no domingo (2) ou para pequenas comemorações de grupos de reservistas. Nenhum, porém, viralizou. Já a corrente campeã de compartilhamentos neste mês faz exatamente o contrário: busca desincentivar as pessoas de irem às ruas, sugerindo a possibilidade de “armação”.

“PELO AMOR DE DEUS. Essa manifestação convocada para Brasília e várias outras capitais é novamente da esquerda (Infiltrados de Esquerda em grupos de Direita)”, dizia a corrente que circulou 33 vezes. Outras 30 versões dessa mensagem também foram compartilhadas mais 63 vezes.

Corrente de Whatsapp que alega que manifestações marcadas para o mês de março seriam uma “armação” de infiltrados da esquerda.

No ano passado, recados desse tipo também circularam, mas foram bastante mais raros.

Das mensagens divulgadas neste mês apoiando as celebrações do golpe, a que teve mais visibilidade (26 compartilhamentos) repercutia nota do Clube Militar do Rio de Janeiro, uma associação privada da categoria que agendou almoço em comemoração ao 31 de Março.

O evento foi uma resposta ao anúncio do comandante do Exército, general Tomás Paiva, que decidiu acabar com a divulgação de comunicados oficiais alusivos à efeméride. Mais recentemente, o Exército decidiu punir oficiais que participassem de atos celebrando o golpe.

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