🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Fevereiro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Debate sobre serviços de mototáxi por aplicativo gera desinformação nas redes

Por Marco Faustino

17 de fevereiro de 2023, 17h23

A discussão sobre a prestação serviços de mototáxi oferecidos por meio de aplicativos de empresas como a Uber e a 99 em grandes cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, tem gerado desinformação por meio de publicações que distorcem fatos e atribuem erroneamente a responsabilidade ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em janeiro, empresas que oferecem serviço de transporte por aplicativo anunciaram o início da modalidade de transporte de passageiros por moto nas cidades de São Paulo e do Rio Janeiro, como ocorre em outras capitais e milhares de municípios no Brasil. A reação foi imediata. O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), suspendeu o uso de motos para essa finalidade por meio de aplicativo. O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), também se opôs ao anúncio e disse que adotaria as medidas cabíveis para impedir o serviço.

As prefeituras argumentam que o serviço não gera contrapartidas aos trabalhadores, órgãos públicos, que há preocupações em relação a acidentes com motoristas e passageiros, além de desconsiderar o impacto no sistema público de saúde. Já as empresas alegam que o serviço oferecido é respaldado por leis federais.

A discussão fez com que surgissem peças desinformativas alegando que a proibição em São Paulo partiu também do governo Lula, o que não é verdade. Na campanha eleitoral, Lula disse que motoristas de aplicativo não eram MEIs (Microempreendedores Individuais) e defendeu a regulamentação da categoria, o que vinha sendo discutido no governo Bolsonaro. Até o momento, no entanto, não foi proibido o transporte de motos por aplicativo no país.

Posts difundem que governo Lula proibiu serviços de transporte de passageiros por motos via aplicativo na cidade de São Paulo, o que é falso
SP. Posts enganam ao atribuir ao governo Lula suspensão de serviços de transporte de passageiros por motos via aplicativo, o que é falso.

Em Salvador, motociclistas por aplicativo têm protestado desde o fim de janeiro pela regulamentação da categoria. Os profissionais reclamam de apreensões de motos por parte da Semob (Secretaria Municipal de Mobilidade). Na capital baiana é possível chamar um mototáxi por aplicativo ao menos desde 2021.

A Semob diz que a lei municipal que regulamenta o transporte por aplicativo não prevê o uso de motocicletas, que realiza diariamente ações de fiscalização e combate ao transporte irregular, e que faz apreensões quando encontra motoristas realizando a atividade irregularmente.

Logo após os protestos surgiram vídeos nas redes sociais atribuindo a disputa em Salvador ao governo Lula, o que novamente não procede.

Posts alegam falsamente que serviços de transporte de passageiros por motos via aplicativo foram proibidos em Salvador por ordem de Lula, o que é falso
BA. Posts tentam imputar ao governo Lula proibição de transporte de passageiros por motos via aplicativo em Salvador, o que é falso

Em entrevista à CNN Brasil, em fevereiro, o ministro do trabalho, Luiz Marinho (PT), disse ser favorável que o serviço de mototáxi em grandes cidades seja vetado pelo Congresso. Marinho ressalvou que poderia ser liberado em cidades menores diante da realidade de cada local.

O posicionamento de Marinho, embora inserido em um contexto de serviço por aplicativo, gerou publicações que alegam que o governo Lula é contra mototaxistas e que irá aprovar lei contra todos que trabalham nesse ramo. O governo, no entanto, não enviou qualquer medida nesse sentido ao Congresso. Em janeiro, Marinho disse que o conceito do trabalho por aplicativo beirava a escravidão e tem criado grupos de trabalho para formular propostas sobre o tema. O Aos Fatos tentou contato com o Ministério do Trabalho, que não retornou.

Circulou também nas redes sociais que governos do Nordeste coordenaram operações policiais com o objetivo de apreender e leiloar motos para aumentar a arrecadação, o que foi verificado como falso pelo Aos Fatos. A PRF (Polícia Rodoviária Federal) e as secretarias de segurança pública de Alagoas, Bahia, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte contestaram a alegação enganosa e afirmaram que não existiu qualquer coordenação nesse sentido.

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