🕐 Esta reportagem foi publicada há mais de seis meses
Acusação de fraude eleitoral domina correntes de WhatsApp em grupos monitorados
Quatro das cinco principais correntes de baixa qualidade (veja aqui a metodologia) que circularam em grupos públicos de política no WhatsApp no final de semana do primeiro turno mencionam suposta fraude nas urnas — nunca registradas, desde a implantação do sistema eletrônico de votação no Brasil, em 1996.
- A que teve mais compartilhamentos (86) acompanha um vídeo descontextualizado de uma briga entre os senadores Ataídes Oliveira (PROS-TO) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para provar uma suposta "sensação de derrota" na campanha do PT. Na verdade, o vídeo mostra uma discussão que ocorreu no Senado, em 2017, não na direção do partido, e circula fora de contexto;
- Em segundo lugar, aparece uma mensagem de um eleitor na Austrália propondo uma estratégia para escancarar a suposta fraude — não votar. “Quando saiu o boletim de urna no final com MUITO MAIS VOTOS REGISTRADOS DO QUE GENTE QUE FOI VOTAR os esquerdistas ficaram DESESPERADOS AQUI!”, relata corrente que circulou em nove comunidades diferentes.
- Na terceira posição ficou uma mensagem que negava o resultado das pesquisas de intenção de voto e convocava uma paralisação de caminhoneiros em caso de fraude. A corrente acompanha vídeo de encontro de Jair Bolsonaro (PL) com apoiadores às vésperas da eleição. “Essa é a verdadeira pesquisa”, dizia.
- Focando em eleitores cristãos, a quarta corrente mais popular pedia para que eles se unissem em oração às 21h de sábado (1º) para pedir “que quaisquer fraudes nessas eleições não sejam suficientes para derrubar o Bolsonaro. Ele é a última barreira entre a desgraça e a nossa liberdade”.
- A única mensagem entre as mais populares que não falava em fraude eleitoral incentivava o voto em Bolsonaro colocando-o em oposição ao candidato do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chamando-o de “ladrão”. “A pergunta que não quer calar; DE QUE LADO VOCÊ ESTÁ? Pra que lado você vai votar, pro lado do bem ou do mal?”, questionava.
Esta reportagem foi feita numa colaboração entre Agência Pública, Aos Fatos e Núcleo Jornalismo para a cobertura das eleições de 2022. A republicação só é permitida com a atribuição de crédito para todas as organizações.