“O meu [cartão corporativo] particular eu nunca usei. Eu posso sacar 25 mil por mês para tomar tubaína e leite condensado.”
É falso que Bolsonaro possa usar como quiser um dos cartões corporativos a que tem acesso. Em nota enviada ao Aos Fatos, a Secretaria-Geral da Presidência da República informou que o presidente faz referência ao CPGF (Cartão de Pagamento do Governo Federal), que é usado para cobrir, entre outras despesas, gastos da Presidência. Ao contrário do que sugere Bolsonaro, no entanto, não é dispensável a prestação de contas. Segundo o órgão, o limite de movimentação de fundos por meio do cartão é definido pela lei nº 8666/1993: R$ 17.600 para compras e serviços e R$ 33.000 para obras e serviços de engenharia. A pasta disse ainda que é permitido fazer saques com o CPGF, mas que deve ser apresentada justificativa, conforme especificado na Macrofunção SIAFI 021121. “O saque é realizado em casos excepcionais, quando não é oportuna ou conveniente a execução do gasto por meio da função crédito do CPGF”. O manual da CGU (Controladoria-Geral da União) sobre o uso do CPGF também cita a obrigação de justificar o valor estabelecido para saque. Também não é correto afirmar que Bolsonaro nunca usou seu cartão corporativo. Entre janeiro de 2019 e junho de 2022, a Secretaria Especial de Administração da Presidência da República despendeu R$ 67 milhões, juntando os gastos do CPGF (Cartão de Pagamento do Governo Federal) e do CPCC (Cartões de Pagamento do Governo Federal - Compras Centralizadas). Como a Secretaria Especial de Administração é responsável por gerir despesas do gabinete da Presidência da República, do vice-presidente, da Casa Civil, da Secretaria de Governo e da Secretaria-Geral da Presidência, não é possível especificar quanto desse dinheiro foi gasto por Bolsonaro.
REPETIDA 4 VEZES. Em 2022: 05.mai, 13.jul, 27.jul, 07.out.