“Mas olhe só: baixo índice de mortes por Covid na África ainda é mistério para cientistas. Vou dar uma dica para os cientistas. Lá na África subssariana é muito comum uma doença chamada cegueira dos rios. Tá? E o pessoal toma um negocinho para cegueira dos rios. E também tem muito caso de malária. E o pessoal toma outro remedinho para combater a malária. Esses dois remedinhos, que custa uma merreca, por coincidência ou não, né? Lá na África, também combatia o Covid.”
Bolsonaro faz referência à reportagem "Por que a Covid não se espalhou pela África como era previsto? Cientistas também querem saber", publicada originalmente pelo New York Times e traduzida pelo jornal O Globo no dia 24 de março. Nela, pesquisadores discorrem sobre os possíveis motivos de a Covid-19 não ter tido um impacto tão significativo em países africanos, como era esperado no início da pandemia. São levantadas hipóteses relacionadas à idade média da população, que é de 19 anos, a baixa densidade populacional, a grande exposição ao ar livre e mesmo a imunidade cruzada com outros patógenos. Diferentemente do que sugere o presidente, no entanto, não são considerados como possíveis fatores o uso dos medicamentos ivermectina, aplicado no combate à cegueira dos rios, e hidroxicloroquina, usada no tratamento da malária. Ainda que sejam de fato comuns em países africanos, as drogas não têm eficácia contra a infecção causada pelo novo coronavírus. Enquanto a hidroxicloroquina já teve seu uso descartado por pesquisadores e autoridades de saúde do mundo todo, inclusive a OMS (Organização Mundial de Saúde), a ivermectina foi considerada ineficaz em estudos publicados recentemente em periódicos renomados, como o New England Journal of Medicine. Por esses motivos, a declaração foi classificada como FALSA.
REPETIDA 3 VEZES. Em 2022: 31.mar, 28.jun, 30.jun.