🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Agosto de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Vídeo mistura teoria conspiratória e acusações sem provas para atacar governo, STF e Exército

Por Amanda Ribeiro

2 de agosto de 2023, 19h00

Não é verdade que um coronel foi preso por planejar o assassinato do chefe da inteligência do Exército, como afirmam posts nas redes. Peças de desinformação disseminam que Décio Luís Schons teria descoberto um esquema de desvio de R$ 100 milhões comandado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo STF (Supremo Tribunal Federal). Contatada pelo Aos Fatos, a corporação desmentiu as alegações e afirmou que Schons, na reserva desde 2021, nunca ocupou cargo no setor de inteligência. As publicações também fazem acusações sem provas contra ministros do STF com base em operações policiais que nunca ocorreram.

O vídeo desinformativo acumulava ao menos 38 mil compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (2). O conteúdo também circula no Telegram.


Selo falso

Um coronel do exército foi detido e levado preso após o plano fracassado de uma quadrilha que se infiltrou nas Forças Armadas para assassinar o general chefe da inteligência, que descobriu o maior esquema de corrupção, que desviaram mais de R$ 100 milhões do orçamento do Exército.

Vídeo mostra imagem do general Décio Luiz Schons, falsamente identificado como chefe da inteligência do Exército, e faz alegações enganosas sobre suposto esquema de desvio de verba na Força

Um vídeo que viralizou nas redes faz uma série de alegações conspiratórias e fantasiosas sobre um suposto esquema de desvio de verbas no Exército capitaneado pelo presidente Lula e por ministros do STF com a ajuda do comandante da corporação, Tomás Paiva. O objetivo, segundo os posts, seria convencer militares a acatarem ordens do ministro Alexandre de Moraes. Em nota ao Aos Fatos, o Exército afirmou que todas as alegações são falsas.

O vídeo conta uma série de mentiras:

  • O general Fernando Sant’Ana, chefe do Estado-Maior do Exército, não denunciou qualquer esquema de desvio de R$ 100 milhões do orçamento da corporação descoberto pelo setor de inteligência;
  • O general Décio Luís Schons, apontado como chefe da inteligência do Exército, nunca ocupou esse cargo e está na reserva desde maio de 2021. Também não há indícios de que ele tenha sido alvo de uma tentativa de homicídio;
  • O Exército também negou ao Aos Fatos que diversos militares teriam perdido patente ou sido presos e expulsos da corporação em razão do suposto esquema ou que 70 mil membros da corporação teriam anunciado que pediriam baixa caso o ministro Alexandre de Moraes não fosse preso.

Décio Luís Schons, que já foi alvo de outra peça de desinformação desmentida pelo Aos Fatos neste ano, atuava como chefe do departamento de Ciência e Tecnologia do Exército antes de passar para a reserva. O militar também era presidente do conselho de administração da Imbel (Indústria de Material Bélico do Brasil), fabricante estatal de produtos de defesa e segurança.

Além de criarem a narrativa fantasiosa sobre o Exército, as peças de desinformação fazem uma série de acusações sem provas contra os ministros do STF Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes. De acordo com o vídeo, Moraes e Lula estariam envolvidos em um esquema de lavagem de dinheiro descoberto pela PF. Não há, no entanto, no site da corporação — canal oficial de divulgação de operações em andamento — qualquer informação relacionada a essa denúncia.

Também não foram encontrados indícios de que o FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, teria descoberto um esquema de venda de habeas corpus comandado pelo ministro Gilmar Mendes, que teria contas em paraísos fiscais. Além de o FBI não ter mandato ou jurisdição para conduzir operações em território brasileiro, não foram encontrados processos envolvendo o magistrado no Court Listener, site que compila movimentações e documentos de ações judiciais que tramitam em tribunais americanos.

Referências:

1. Exército (1 e 2)
2. LinkedIn (Décio Luís Schons)
3. Aos Fatos (1 e 2)
4. Imbel
5. Polícia Federal
6. Court Listener

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