Não é verdade que o Ibama tenha apreendido retroescavadeiras que atuavam na limpeza de estradas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul, como alega um áudio que circula nas redes. A autarquia afirmou, em nota, que a fiscalização de rodovias não é uma de suas atribuições e que seus servidores têm atuado no resgate de pessoas e animais atingidos pelas enchentes.
As publicações enganosas acumulavam ao menos 2.000 compartilhamentos no X (ex-Twitter) até a tarde desta sexta-feira (10). As peças de desinformação também circulam no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).
Ontem desceram máquinas e retroescavadeiras para abrir mais a estrada, porque estava tendo deslizamento, para ter um fluxo melhor nos veículos, para os voluntários e caminhões descerem para levar mantimentos e o Ibama, o Ibama mandou parar tudo, porque precisava de autorização deles, e que se não parasse eles iriam trancar, lacrar todos os maquinários e as sanções que pudessem vir posteriormente.
Em áudio que circula nas redes, um homem não identificado mente ao afirmar que equipes do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) teriam barrado voluntários que usavam retroescavadeiras para limpar um trecho da rodovia entre Muçum (RS) e Vespasiano (RS). Em nota, a autarquia afirmou que a fiscalização de estradas não está entre suas competências e que no momento tem centrado seus esforços no resgate das vítimas das enchentes.
“Além de ilegítima, a afirmação não trata das atribuições do Instituto. ‘Não é competência do Ibama impedir a circulação de veículos, ainda mais num momento de tanta gravidade para o estado’, afirma a nota, que traz uma declaração da superintendente do Ibama-RS, Diara Maria Sartori.
Responsável por zelar pelo cumprimento de normas ambientais, o Ibama só atua em ações de fiscalização de estradas em operações conjuntas com órgãos de polícia que envolvam infrações contra o meio ambiente, como o tráfico de animais silvestres, por exemplo. Não está entre as funções dos servidores da autarquia, portanto, controlar a passagem de pessoas nas rodovias nem impedir a atuação de voluntários na limpeza das estradas.
Ainda que tivesse essa atribuição, o órgão não seria capaz de executar ações de fiscalização com as condições atuais, ressaltou Sartori em vídeo enviado ao Aos Fatos. “Não tem nem estrada. Nós estamos ilhados. Então nós não teríamos nem como chegar nos locais para fazer qualquer ação”. A superintendente também afirmou que os prédios da autarquia em Porto Alegre estão submersos e que vários servidores tiveram as casas afetadas pelas inundações.
O Ibama tem atuado junto das Forças Armadas, da Defesa Civil e da Prefeitura de Porto Alegre para levar ajuda humanitária e auxiliar nos resgates de pessoas e animais vítimas das enchentes. Parte dos servidores foi destacada também para levar suprimentos a comunidades indígenas da região metropolitana de Porto Alegre.
Desde o final de abril, o Rio Grande do Sul tem sofrido com tempestades e enchentes que afetaram 428 de seus 497 municípios. O número de mortos subiu para 116 e o de desaparecidos, para 143. Há mais de 408 mil desalojados e desabrigados.