Vídeo antigo mostra vereador, e não general, mentindo sobre pena de morte e indenização para anistiados políticos

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Não é verdade que o general da reserva do Exército Luiz Gonzaga Lessa defendeu a intervenção militar e a pena de morte para criminosos em entrevista recente à Band. O vídeo compartilhado pelas peças de desinformação foi exibido pela TV Câmara Angra dos Reis (RJ) em 2018 e mostra, na realidade, um discurso do então vereador Thimoteo Cavalcanti (Solidariedade). Na ocasião, o político também disseminou mentiras sobre as indenizações pagas pelo Estado a anistiados políticos.

Publicações com o conteúdo enganoso acumulavam 186 mil visualizações no Kwai e 20 mil visualizações no TikTok até a tarde desta terça-feira (19). O vídeo fora de contexto também circula no WhatsApp, plataforma na qual não é possível estimar o alcance dos conteúdos (fale com a Fátima).


Selo falso

Falou a verdade. E o povo se deixando ser feito de otário. General Lessa, agora cedo ao vivo na Band, manda um recado duro para o STF. O recado foi dado, alto e claro!

Não é o general Lessa homem que fala em vídeo sobre pena de morte, “estado de guerra” e “bolsa ditadura”, mas sim o então vereador de Angra dos Reis (RJ) Thimoteo Cavalcanti (Solidariedade).

Publicações que circulam nas redes atribuem falsamente ao general da reserva Luiz Gonzaga Lessa um discurso proferido pelo então vereador Thimoteo Cavalcanti na Câmara Municipal de Angra dos Reis (RJ) em 11 de setembro de 2018. No trecho compartilhado pelas peças de desinformação (veja abaixo), Cavalcanti defende que militares deem um golpe de Estado e dissemina uma série de mentiras sobre temas como a pena de morte e as indenizações pagas a anistiados políticos.

O ex-vereador mentiu, por exemplo, ao alegar que a Constituição permitiria que o Estado aplicasse a pena de morte a criminosos caso o Brasil entrasse em “estado de guerra”. A Carta prevê esse tipo de sentença apenas em casos de agressão estrangeira. A pena não poderia ser aplicada, portanto, em um contexto de combate interno ao crime organizado, como afirmou o então vereador.

O político também enganou ao afirmar que o governo paga uma suposta “Bolsa Ditadura” para ao menos 20 mil pessoas, entre elas artistas como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O benefício, que não tem esse nome, está previsto na lei 10.559/2002 e prevê o pagamento de indenizações a pessoas que sofreram perseguições políticas entre 1946 e 1988. Os nomes citados pelo vereador não constam na lista divulgada pelo Ministério da Defesa.

De acordo com a pasta, o governo federal indenizou 2.914 pessoas em outubro deste ano — dados mais recentes disponíveis.

Em março de 2019, a Justiça obrigou Cavalcanti a se retratar sobre as alegações caluniosas contra Buarque, Veloso e Gil. Em vídeo publicado posteriormente em seu canal no YouTube, o político afirma que os artistas jamais receberam o benefício.

Esta peça de desinformação também foi desmentida pela Agência Lupa, pela Reuters e pelo UOL Confere.

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