Não é verdade que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), mandou deletar um vídeo que mostra um militar discutindo com policiais em meio aos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília. As imagens deste vídeo, compartilhadas pelas peças de desinformação, foram feitas por um celular e estão disponíveis nas redes desde o dia seguinte à manifestação. Já os registros apagados são provenientes de câmeras de segurança do prédio do MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública).
A gravação, que tem sido usada para sugerir que os golpistas não foram responsáveis pela depredação dos prédios dos Três Poderes — o que também é falso — acumulava mais de 120 mil visualizações no TikTok e 3.000 compartilhamentos no Facebook até a tarde desta quarta-feira (6).
Taí o vídeo que Dino mandou apagar. Compartilhem foi fraude. Não foi o povo que quebrou.
Um vídeo dos atos de 8 de janeiro que mostra agentes de segurança discutindo tem sido compartilhado nas redes como se fosse uma gravação vazada que provaria a inocência de manifestantes golpistas que depredaram os Três Poderes. Ainda de acordo com as peças desinformativas, o ministro Flávio Dino teria ordenado que a filmagem fosse apagada.
Em agosto deste ano, foi noticiado que o MJSP apagou as imagens das câmeras de segurança localizadas nas partes laterais e traseira do prédio. As gravações haviam sido requisitadas pela CPMI do 8 de Janeiro. Na época, Dino explicou que a pasta não armazenou os vídeos por um “problema contratual”: segundo o acordado com a empresa prestadora de serviço, as imagens só ficariam salvas por 15 dias nos servidores.
Agora, posts desinformativos citam o vídeo da discussão como se fosse parte das gravações apagadas. E fazem alegações enganosas:
- A gravação compartilhada pelos posts desinformativos foi feita com um celular. Já os vídeos deletados dos servidores do Ministério da Justiça são provenientes de câmeras de segurança;
- As imagens usadas pelos posts enganosos também não foram disponibilizadas recentemente: elas circulam nas redes desde o dia posterior aos atos e, portanto, antes da notícia de que os vídeos do ministério teriam sido deletados;
- Por fim, há diversas provas que atestam que os manifestantes golpistas vandalizaram as sedes dos Três Poderes.
Em nota enviada ao Aos Fatos, o ministério disse que “Dino jamais ordenou apagamento de imagens do 8 de janeiro, ou de qualquer outra data” e afirmou que a gravação que circula nas redes foi registrada por policiais do DF, sem qualquer relação com o MJSP.
O vídeo que tem viralizado, portanto, não pode ser uma das gravações apagadas, já que claramente foi registrado por uma câmera de celular. A gravação está disponível nas redes ao menos desde o dia 9 de janeiro, quando foi publicada pelo Metrópoles (veja abaixo).
O vídeo mostra o momento em que o ex-comandante do Batalhão da Guarda Presidencial, Paulo Jorge Fernandes da Hora, tentou impedir que policiais militares entrassem no Palácio do Planalto para prender os manifestantes que estavam no local.
Meses mais tarde, o Comando do Exército enviou um ofício ao Ministério da Defesa para explicar a situação. Segundo o documento, o militar discutiu com os policiais porque eles teriam entrado no Palácio sem coordenação prévia e usado granadas de efeito moral e de gás lacrimogêneo quando a situação já havia sido controlada pela Guarda Presidencial.
Por fim, é importante ressaltar que há inúmeras provas de que os manifestantes foram responsáveis pela depredação no 8 de Janeiro:
- Diversos vídeos do ato mostram golpistas destruindo as instalações. Alguns desses vídeos estão disponíveis no Golpeflix, acervo digital criado pelo Aos Fatos com as publicações que alimentaram o 8 de Janeiro;
- Algumas pessoas que participaram dos atos foram presas em flagrante por estarem depredando o Palácio do Planalto e o STF (Supremo Tribunal Federal);
- Câmeras de segurança também flagraram a destruição. Um exemplo é o caso do homem que derrubou o relógio de D.João 6º durante a invasão. Flagrado pelas imagens, ele foi posteriormente identificado e preso.