🕐 ESTA REPORTAGEM FOI PUBLICADA EM Dezembro de 2023. INFORMAÇÕES CONTIDAS NESTE TEXTO PODEM ESTAR DESATUALIZADAS OU TEREM MUDADO.

Viral usa dados incomparáveis para dizer que recorde de ocupados ocorreu sob Bolsonaro, não Lula

Por Luiz Fernando Menezes

4 de dezembro de 2023, 18h50

Publicações fazem uma comparação incorreta entre dados estatísticos para desacreditar o anúncio do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de que o Brasil teria alcançado a marca de 100 milhões de pessoas ocupadas pela primeira vez neste ano. Os posts enganosos contrapõem os dados do instituto, que são trimestrais, com uma pesquisa mensal do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) para alegar que o número teria sido alcançado em 2022, no governo Jair Bolsonaro (PL). Dados oficiais mostram que o Brasil só chegou a 100,2 milhões de ocupados no trimestre de agosto a outubro de 2023, já no governo Lula (PT).

Posts com a alegação incorreta acumulavam mais de 2.000 compartilhamentos no Facebook e milhares de visualizações no TikTok até a tarde desta segunda-feira (4).


Selo não é bem assim

Cortesia com o chapéu dos outros o nome disso kkkkkk Imprensa começa a apagar conquistas do governo Bolsonaro e passa a dar os méritos a Lula

Notícia da EBC sobre Brasil ter ultrapassado marca de 100 milhões de ocupados circula no TikTok com alegação enganosa de que recorde é, na verdade, de Bolsonaro

Publicações nas redes comparam dados de pesquisas distintas para sugerir que o governo Bolsonaro já teria batido a marca de 100 milhões de pessoas ocupadas em 2022, um ano antes do anúncio feito pelo governo Lula. As peças desinformam ao tratar dois dados diferentes como se pertencessem à mesma base:

  • Em relação a Lula, as publicações citam a notícia divulgada pela emissora estatal EBC no dia 30 de novembro de 2023 que diz que, pela primeira vez, o Brasil possui mais de 100 milhões de trabalhadores ocupados, de acordo com dados trimestrais do IBGE;
  • Já para falar sobre a gestão Bolsonaro, os posts usam números divulgados por uma nota da Revista Oeste com base em um estudo do Ipea de setembro de 2022, que usa dados referentes a julho daquele mesmo ano.

Conforme pode ser verificado na reportagem da EBC, o trimestre entre agosto e outubro de 2023 marca a primeira vez que o Brasil ultrapassou os 100 milhões de trabalhadores ocupados desde o início da série histórica da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE. De acordo com a pesquisa, o país possui 100,2 milhões de pessoas de 14 anos ou mais ocupadas. No mesmo trimestre de 2022, essa população, segundo a mesma pesquisa, era de 99,6 milhões.

É possível verificar no gráfico abaixo que o número de trabalhadores ocupados durante o governo Bolsonaro nunca ultrapassou a marca dos 100 milhões, de acordo com o IBGE.

Como a pesquisa do Ipea citada nas publicações usa uma metodologia diferente — calcula o número de ocupados mensais, com base em um cálculo desenvolvido pelo pesquisador Marcos Hecksher — ela não pode ser comparada com a Pnad Contínua. O mais correto, portanto, é usar a mesma base de dados.

De fato, segundo o Ipea, em julho de 2022, o país registrou 100,2 milhões de pessoas ocupadas. O que as peças omitem, no entanto, é que a mesma pesquisa mostrou um número ainda maior em 2023: em julho deste ano, o Brasil possuía 100,3 milhões de pessoas ocupadas.

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QUAL É A MELHOR COMPARAÇÃO?

Conforme já explicado por Aos Fatos, a maneira mais correta de comparar números relacionados ao emprego é por meio da taxa de ocupação, uma vez que números absolutos tendem a sofrer distorções em relação ao tamanho da população.

Além disso, é importante levar em consideração a sazonalidade dos dados. Segundo explica o próprio IBGE, a sazonalidade se refere a “flutuações intra-anuais no número de empregados que se repetem regularmente durante os anos”. É comum, por exemplo, um aumento no número de ocupados no final do ano por conta das vagas temporárias de trabalho no comércio e na indústria.

A taxa de ocupação mais recente, do trimestre entre agosto e outubro de 2023, é de 57,2%. Ela representa uma queda em relação ao mesmo período de 2022, quando o índice era de 57,4%. A maior taxa registrada no mesmo período, no entanto, foi durante o governo de Dilma Rousseff (PT) em 2012, quando o percentual chegou a 58,4%.

Referências:

1. EBC
2. Ipea (1, 2, 3, 4)
3. IBGE (1, 2, 3)
4. Aos Fatos

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